Pivô da tragédia de Mariana, Samarco se aproxima do fim da recuperação judicial; entenda
Samarco Mineração se prepara para deixar a recuperação judicial e retomar sua capacidade plena de produção, com expectativa de lucro operacional significativo em 2024. A empresa enfrenta ainda desafios relacionados ao acordo de reparação de R$ 170 bilhões após o desastre em Mariana.
Reabilitação da Samarco Mineração
A Samarco Mineração, envolvida no desastre ambiental de 2015, vem se recuperando após retomar a produção em 2020. A empresa, controlada por Vale e BHP, espera sair da recuperação judicial, solicitada há quatro anos, com uma dívida total de R$ 50 bilhões.
A antecipação da supervisão judicial do plano de recuperação, aprovado em setembro de 2023, promete trazer benefícios, como acesso a financiamentos e redução do estigma de estar em recuperação judicial. O diretor financeiro, Gustavo Selayzim, afirmou que a empresa está pronta para encerrar esse processo.
No entanto, a mineradora ainda enfrenta desafios significativos, incluindo um longo compromisso de R$ 32 bilhões com o Acordo de Reparação da Bacia do Rio Doce, um total de R$ 170 bilhões para indenizações e recuperação ambiental, após o rompimento da barragem que causou 19 mortes.
Das obrigações do acordo, R$ 100 bilhões serão pagos por Vale e BHP, destinados a políticas públicas nas áreas de saúde, educação e infraestrutura. Até setembro de 2024, a Samarco já desembolsou R$ 38 bilhões via Fundação Renova, que agora será incorporada à mineradora.
O acordo não teve a adesão unânime dos atingidos. Em Minas Gerais, 20 municípios aceitaram os termos enquanto 17 rejeitaram. O município de Mariana lidera a oposição, optando por agir judicialmente contra a BHP na Inglaterra.
A Samarco continua a enfrentar processos litigiosos em Londres e na Holanda, com demandas de indenização que podem superar R$ 270 bilhões.
A recuperação da Samarco inclui metas de expansão até 2027 e um objetivo de produção de 27 milhões de toneladas de pelotas de minério até 2028. Com 60% de sua capacidade já atingida, a empresa espera gerar um lucro operacional de US$ 834 milhões em 2024.
A empresa projeta investimentos de R$ 13 bilhões na Fase 3 de seu plano, que envolve a ativação de plantas e modernização de instalações. O processo de descaracterização da barragem de rejeitos deve ser concluído até 2026.