PIB do 1º trimestre deve superar estimativas iniciais. E não só pela safra agrícola
Pode haver crescimento acima do esperado no PIB, impulsionado pelo agronegócio e setor de serviços, mas inflação alta adia corte de juros. Expectativas para o ano indicam um cenário de desaceleração mais à frente devido a juros elevados.
IBGE divulgará nesta sexta-feira (30) o PIB do Brasil referente ao 1º trimestre de 2023, com expectativa de alta entre 1,3% e 1,6%, superando projeções iniciais de 0,8% a 1%.
A agricultura e uma safra recorde de grãos são os principais fatores de impulsão, juntamente com um mercado de trabalho aquecido e crescimento da atividade industrial.
No entanto, essa alta econômica pode trazer pressão sobre a inflação, que persistirá acima da meta, adiando cortes de juros para 2024. Segundo Luis Otavio Leal, a economia apresentava previsão de desaceleração, mas os dados sobre produção industrial, comércio e serviços mostraram um desempenho satisfatório.
O Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) do Banco Central mostrou alta de 1,3% no primeiro trimestre em comparação ao anterior; enquanto a produção industrial cresceu 1,2% e o varejo 0,8% em março.
Leal destacou que o PIB foi impactado não apenas pela safra, mas pela demanda industrial, refletindo um consumo elevado impulsionado por medidas econômicas e um salário mínimo mais alto.
O setor de serviços também teve um desempenho surpreendente, com aumento das vendas no varejo, apesar das previsões iniciais de desaceleração. O mercado de trabalho continua aquecido, com mais de 654 mil empregos formais gerados no primeiro trimestre.
Contudo, a alta atividade econômica pode não se manter ao longo do ano. Eduarda Grübler alertou para a inflação alta, com projeções superiores a 4,5%, resultando em juros elevados por mais tempo. O Boletim Focus estima um PIB de alta de 2,14% ao final do ano.
Esperam-se resultados mais modestos no segundo e terceiro trimestres, com um PIB projetado de 0,3% e próximo de zero, respectivamente, devido aos efeitos dos juros altos na economia.
Ao final do ano, mesmo com uma expectativa de desaceleração, acredita-se que a agricultura e o consumo sustentarão um cenário de expansão moderada.