Perseguições de Trump lembram governos autoritários africanos, diz Chimamanda Adichie
Chimamanda Ngozi Adichie critica fortemente as políticas de imigração e o aumento do racismo sob a presidência de Donald Trump. Durante evento no Rio, ela também abordou a importância da inclusão de narrativas negras na educação e no espaço literário.
Chimamanda Ngozi Adichie, escritora nigeriana e autora dos best-sellers “Americanah” e “Hibisco Roxo”, criticou as políticas de imigração e a guerra cultural nos EUA sob o governo Trump durante evento no Festival LED - Luz na Educação, no Rio de Janeiro, onde lançou seu novo livro “Contagem dos Sonhos” (2025).
A autora, que divide seu tempo entre os EUA e a Nigéria, comparou o governo republicano a regimes autoritários africanos. Ela afirmou: "Quando volto aos EUA, parece um daqueles governos autocráticos africanos."
Sobre as políticas de Trump, Chimamanda destacou a demonização de imigrantes e minorias, citando um componente racial nesse processo: "Muitas pessoas brancas recebem visto, mas ninguém as desumaniza".
Ela alertou que a liderança de Trump incentiva comportamentos racistas e violentos, e comentou sobre os avanços na pluralidade de vozes, mas reconheceu os desafios da desinformação na internet.
A escritora expressou surpresa com a presença negra no Brasil, ressaltando a importância de incluir histórias negras em livros didáticos. "Importa o que você vê no livro e o que aprende na História. Se o cenário é ruim, vamos mudar agora”, disse.
Chimamanda, uma das maiores expoentes da literatura africana, enfatizou o suporte da educação e da família em sua trajetória. Ela dividiu o palco com a escritora brasileira Conceição Evaristo, onde leram trechos das obras uma da outra, mediadas pela jornalista Aline Midlej.