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Pela liberdade de morrer

A decisão de Daniel Kahneman de optar pela eutanásia levanta questões sobre a dignidade no fim da vida e o papel dos vieses emocionais nas decisões pessoais. À medida que a sociedade envelhece, o debate sobre a liberdade individual e a escolha do sofrimento se torna cada vez mais urgente.

Daniel Kahneman, psicólogo e prêmio Nobel, revolucionou o campo da economia comportamental com seus estudos sobre **vieses** nas decisões humanas, detalhados em sua coletânea “Choices, Values and Frames” (2000).

Embora os vieses sejam amplamente explorados pelo marketing, eles também aparecem em outras áreas. Em seu livro “Noise” (2021), Kahneman aborda como as organizações podem melhorar suas decisões, pois muitas vezes são irracionais.

Entretanto, pesquisadores como Joseph Henrich questionaram a universalidade dos vieses, destacando que sociedades menos industrializadas não replicam os comportamentos observados em participantes de universidades ocidentais. Contudo, alguns vieses, como a aversão à perda e o viés de confirmação, são considerados universais.

A regra do pico-fim é crucial para a compreensão de como avaliamos experiências. Ela sugere que nossa memória sobre eventos é influenciada pelo pico de intensidade emocional e pelo que sentimos no final.

Recentemente, Kahneman decidiu pela eutanásia, surpreendendo o mundo com sua carta de despedida. Aos 90 anos, sem doenças graves, ele preferiu não viver seus últimos dias em decrepitude, valorizando as memórias de momentos intensamente positivos na vida.

Para Kahneman, o foco deve ser na eliminação da infelicidade. A reflexão sobre o sofrimento de pessoas em estado terminal é desafiada pela questão: por que a eutanásia não é permitida em situações de sofrimento extremo, especialmente quando é aceita para animais de estimação?

O dilema se tornará mais relevante com o envelhecimento da população. No Brasil, a resistência a discutir a liberdade de escolha, inclusive em relação à morte, persiste, levando à pergunta: por que somos obrigados a morrer em agonia?

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