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Papa mulher? Como surgiu a lenda da 'Papisa Joana'

A lenda da Papisa Joana, uma mulher que se disfarçou de homem para se tornar papa, levanta questões sobre misoginia e a representação feminina na história. Sua narrativa serve tanto como advertência da Igreja para limitar o papel das mulheres quanto como símbolo de resistência em tempos modernos.

A lenda da Papisa Joana, que viveu no século 9, descreve uma mulher educada que se disfarçou de homem para receber educação universitária. Ela teria viajado para Roma e se tornado Papa entre 855 e 857.

Seu papado terminou dramaticamente quando foi descoberta como mulher, supostamente dando à luz durante uma procissão. As versões da história variam entre assassinato e morte por causas naturais.

A lenda, denominada Ionannes Anglicus ou João, o Inglês, é contestada por estudiosos, mas ainda é contada como um alerta da Igreja sobre o papel das mulheres. Após a Reforma, a história foi usada para desacreditar o catolicismo.

Origem da lenda: Embora acredita-se que Joana tenha vivido no século 9, a história foi registrada pela primeira vez no século 13. Três escritores medievais fornecem narrativas semelhantes, informando que Joana nasceu em Mainz e fugiu de casa com um amante para se disfarçar como homem.

  • Conseguiu educação em Atenas e viajou para Roma, onde ensinou e subiu na hierarquia da Igreja.
  • Ela se tornou cardeal e foi eleita Papa, mas não seguiu o celibato e engravidou.
  • Seu verdadeiro sexo foi revelado, e as versões da sua morte incluem execução brutal ou retiro para um convento.

Embora seja considerada ficção por muitos, a história também carrega uma crítica moral sobre a condição das mulheres. Ao longo dos séculos, a lenda foi frequentemente iterada com toques de misoginia, como nas obras de Boccaccio e Petrarca, que a retratam como uma aberração.

Papel na Reforma: Protestantes usaram a lenda para questionar a legitimidade do papado, enquanto reformadores como Walter Brut defenderam um papel maior para as mulheres na Igreja, embora suas ideias tenham sido rejeitadas.

A lenda da Papisa Joana foi utilizada para justificar a exclusão das mulheres do clero, com relatos de um suposto rito para verificar o sexo do Papa, que nunca foi comprovado.

Nos tempos modernos, a lenda ainda vive em romances, peças, e filmes. A história recentemente ganhou interpretações mais feministas, como a obra de Donna Woolfolk Cross e o filme Die Päpstin, que apresenta uma visão positiva da personagem.

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