Outro partido ultraortodoxo deixa governo de Israel, mas evita colapso de coalizão
Partido ultraortodoxo Shas reduz participação no governo de Netanyahu após crise política. A decisão está ligada a conflitos sobre o alistamento militar obrigatório para judeus ultraortodoxos em meio ao aumento da mobilização militar em Israel.
Partido ultraortodoxo Shas anuncia saída parcial do governo de Binyamin Netanyahu, aprofundando a crise política em Israel.
A decisão, tomada em reunião do Conselho de Sábios da Torá, segue a saída do partido United Torah Judaism (UTJ) da coalizão, provocada por disputas sobre alistamento militar obrigatório para judeus ultraortodoxos.
Embora esteja saindo do governo, o Shas permanecerá na coalizão parlamentar de Netanyahu, evitando eleições antecipadas, mas abrirá mão de cargos no gabinete.
Após a renúncia de seis membros do UTJ, Netanyahu ficou com uma maioria mínima de 61 assentos no Knesset, que possui 120 cadeiras. O Shas, com 11 cadeiras, é essencial para manter a coalizão.
A decisão do Shas não compromete as negociações por um cessar-fogo na Faixa de Gaza, que estão em andamento no Qatar.
Israel enfrentou cinco eleições em menos de quatro anos, com o Likud de Netanyahu tendo dificuldades para formar uma coalizão. Na última eleição, em novembro de 2022, Netanyahu montou a aliança mais à direita da história do país.
Um porta-voz do Shas anunciou que a formalização das renúncias ocorrerá na quinta-feira (17).
A coalizão de Netanyahu enfrenta crises internas, agravadas por um projeto de lei que elimina isenções do alistamento militar para os ultraortodoxos, que representam 13% da população israelense.
O serviço militar é obrigatório para a maioria dos cidadãos, mas os ultraortodoxos são isentos caso estejam em seminários religiosos. Essa questão se torna mais polêmica devido à guerra em Gaza e à mobilização militar atual.
Desde os ataques do Hamas em 2023, o governo convocou 360 mil reservistas, enfrentando resistência e baixa no moral entre as tropas.
Historicamente, as isenções foram criadas em 1948 para preservar o estudo religioso, mas o número de isentos aumentou significativamente ao longo dos anos, levando até a Suprema Corte a declarar as isenções ilegais em 2017. O governo de Netanyahu, porém, prorrogou essa situação.