'Os demagogos ganharam poder com a nova desigualdade', diz Bill Drayton

Bill Drayton, ativista dos direitos civis nos anos 1960, cofundou a Ashoka em 1981, introduzindo o conceito de empreendedor social.

A rede global agora abrange 4.000 lideranças em 90 países, e Drayton destaca a necessidade de enfrentar a nova desigualdade gerada pelo progresso tecnológico, enfatizando que todos podem ser agentes de transformação.

"Não precisamos ser todos empreendedores, mas ser agentes de transformação," afirma Drayton, refletindo sobre a crescente interconexão mundial. A sua visão foi reconhecida quando Muhammad Yunus ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 2006.

Na entrevista realizada após receber o Global Treasure Award da Skoll Foundation, Drayton enfatizou que o prêmio reconhece o trabalho coletivo em busca de uma vida melhor para todos.

Brasil e Índia têm o maior número de empreendedores sociais, e Drayton considera o Brasil um exemplo, com forte colaboração entre seus agentes de mudança.

Entre os 1.400 fellows da Ashoka, 89% trabalham com crianças, mudando o foco educacional e preparando a nova geração para liderar mudanças. A nova alfabetização propõe quatro habilidades essenciais: empatia cognitiva, trabalho em equipe, liderança compartilhada e protagonismo.

Ele alerta que a rápida mudança pode ser assustadora, e sem ação, a sociedade poderá se tornar mais dividida. O emergir de demagogos é parte dessa nova desigualdade que deve ser abordada antes que cause mais divisão social.

Drayton fala sobre sua experiência no Protocolo de Kyoto e a transição para um modelo de regulação mais colaborativo, que inspira iniciativas climáticas e ambientais.

Quanto à Inteligência Artificial, Drayton acredita que pode ser uma aliada se utilizada corretamente. Ele sugere que jovens busquem causas que os inspirem e acreditem em sua capacidade de criar mudança.

Bill Drayton, nascido em 1943, é um influente educador e reformador social, reconhecido globalmente por seu trabalho em empreendedorismo social.