Oposição quer investigação sobre asilo a ex-primeira-dama do Peru condenada por lavagem de dinheiro
A concessão de asilo político à ex-primeira-dama peruana por Lula provoca forte reação da oposição, que pede investigações sobre a utilização de recursos públicos e as motivações diplomáticas. A defesa de Nadine Heredia nega irregularidades, afirmando que a ação segue normas internacionais.
BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva concedeu asilo político à ex-primeira-dama peruana Nadine Heredia, condenada por corrupção na Operação Lava Jato. Essa decisão gerou desgaste político e provocou reações na oposição.
Quatro frentes de cobrança foram apresentadas, incluindo:
- Abertura de investigações pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e pelo Tribunal de Contas da União (TCU).
- Convocação do chanceler Mauro Vieira para prestar explicações na Câmara.
- Pedidos de esclarecimentos por escrito ao Itamaraty.
A Câmara registrou seis propostas legislativas referentes à atuação de Lula em favor de Heredia, que nega irregularidades.
O deputado Evair de Melo (PP-ES) sugeriu à PGR investigar a concessão do asilo e o uso de recursos públicos para transportá-la pela Força Aérea Brasileira (FAB).
O presidente da Comissão de Relações Exteriores, Filipe Barros (PL-PR), pediu auditoria ao TCU sobre as despesas da FAB que buscou Heredia em Lima.
Os deputados Adriana Ventura (Novo-SP) e Marcel Van Hattem (Novo-RS) requisitaram informações ao Itamaraty sobre os fundamentos da decisão de Lula e seus possíveis impactos nas relações com o Peru.
Os parlamentares destacaram que a decisão ocorreu rapidamente após a condenação, sem evidências claras de perseguição política.
O advogado de Heredia, Marco Aurélio de Carvalho, defendeu que não houve irregularidades e que a concessão de asilo foi feita conforme normas internacionais, alegando que a oposição busca criar um "fato político".
Nadine e o ex-presidente peruano Ollanta Humala foram condenados a 15 anos de prisão por receber contribuições ilegais de campanha. A decisão da Justiça mandou prender o casal, mas apenas Humala foi detido. Heredia se asilou na Embaixada do Brasil em Lima e pediu refúgio.
O ministro das Relações Exteriores do Peru, Elmer Schialer, afirmou que a embaixada brasileira estava ciente da sentença e que o Peru deveria conceder o salvo-conduto para Heredia deixar o país.