Opinião | Vargas Llosa nunca abandonou o autoquestionamento sobre suas ideias
Mario Vargas Llosa, um dos maiores escritores contemporâneos, deixou um legado literário complexo e provocador. Sua trajetória inclui uma conversão ao liberalismo que o marcou e inspirou reflexões profundas sobre liberdade e democracia.
Gênios são complexos e Mario Vargas Llosa se enquadra nessa categoria, sendo um autor inquieto e criativo. Sua obra literária é comparável a uma “catedral”, refletindo a complexidade da América Latina, especialmente em seu livro O Catedral.
Vargas Llosa manteve um padrão de excelência em diversas áreas ao longo de sua carreira: literatura, ensaios, jornalismo e crítica política. Ele se destacou como um conferencista espirituoso, sempre em movimento e autoquestionamento.
Após sua conversão ao liberalismo, muitos ficaram surpresos. Essa mudança é explorada em suas obras, como Peixe na Água e O chamado da tribo, onde expressa sua crença na democracia liberal como o melhor caminho, contrastando com o socialismo que antes idealizava.
Vargas Llosa critica que o liberalismo muitas vezes foi usado para justificar barbáries, como visto em O sonho de Celta e A civilização do espetáculo.
Recentemente, anunciou um último livro sobre Jean-Paul Sartre, sua maior influência. Sua obra literária transcende opiniões políticas, com clássicos como A cidade e os cães, Conversa no Catedral e A guerra do fim do mundo, que impactam independentemente da ideologia do leitor.