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Opinião | Trump quer implantar nos EUA o receituário econômico do PT e dos governos militares brasileiros

A crítica ao neoliberalismo que antes moldava a oposição ao ex-presidente FHC revela um paradoxo: as atuais defesas do protecionismo ecoam as propostas do petismo. Com a globalização alvo de desconfiança, o Brasil enfrenta desafios para conciliar suas políticas econômicas com as realidades do mundo contemporâneo.

O grito de guerra da esquerda contra Fernando Henrique Cardoso chamava-o de “Neoliberal”, ofensa com forte carga para o militante “progressista”. Este termo refletia a crítica ao Consenso de Washington, que defendia privatizações e livre comércio.

Os opositores de FHC buscavam um mercado fechado para proteger a indústria nacional, política já adotada na ditadura de 1964. Curiosamente, o discurso de Donald Trump ressoa com as convicções petistas, que até hoje não se distanciaram dessa abordagem.

As doutrinas do nacional-desenvolvimentismo defendidas pelo petismo preveem intervenções estatais e proteção à indústria, ainda que o resultado seja desigualdade e falta de desenvolvimento, como exemplificado pelo historador da economia Jeffry A. Frieden.

Hoje, o Brasil possui produtos industriais caros e continua sendo um dos países mais fechados economicamente. As populações mais pobres enfrentam preços altos devido a políticas que não funcionam, resultando em taxas de industrialização decrescentes.

No Brasil, o capitalismo liberal é visto com desconfiança, especialmente entre intelectuais e artistas, como apontou FHC. O país vive um capitalismo mal-ajambrado, ancorado em uma nostalgia de socialismo. Obras como As veias abertas da América Latina, de Eduardo Galeano, reforçam a ideia de fechamento comercial, enquanto a globalização é vista como uma inimiga.

A ironia está em ter figuras como Trump como aliados ideológicos. Chegou o momento de refletir: será que é hora de pedir desculpas a FHC ou reconhecer que sempre tivemos um pensamento semelhante ao de Trump?

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