Opinião | Tarifas de Trump vão reforçar os instintos autoritários já em ascensão no mundo
A guerra comercial de Trump pode acentuar a pobreza nos EUA e globalmente, enquanto oferece espaço para o crescimento econômico de China e Brasil. Com a ascensão do nacionalismo, as tensões geopolíticas podem aumentar e impulsionar regimes autoritários.
A guerra comercial iniciada por Donald Trump está empobrecendo os EUA e o mundo, criando oportunidades para China e Brasil.
Essa situação pode estimular o nacionalismo, populismo e autoritarismo. As tarifas são utilizadas por Trump para concentrar poder, colocando a sobrevivência das empresas em suas mãos.
Trump impôs tarifas a mais de 60 países baseando-se em premissas falhas. Ele citou que os EUA foram mais ricos entre 1789 e 1913, quando as tarifas eram mais altas, mas o PIB atual é 23 vezes maior que em 1913.
A Lei Smoot-Hawley, que aumentou tarifas em 1930, aprofundou a Grande Depressão e gerou uma guerra comercial.
O assessor da Casa Branca, Pete Navarro, explicou que as tarifas se baseiam em diversas barreiras comerciais, mas essa avaliação é contestada. Na realidade, o déficit comercial foi dividido pelas importações dos EUA para calcular as tarifas, que são consideradas aleatórias e extorsivas.
Os americanos valorizam produtos de diversos países, como carros alemães e vinhos franceses. O Brasil comemorou uma tarifa de 10%, mas deveria aplicar apenas 7,5% segundo os critérios de Trump.
Em resposta, China, Japão e Coreia do Sul estão retomando negociações para um acordo de livre comércio e fortalecendo a RCEP, que envolve 15 países.
A China, como a segunda maior economia, busca se posicionar como um parceiro confiável enquanto os EUA rompem contratos. Commodities agrícolas da Argentina e Brasil substituirão produtos americanos.
A guerra comercial tende a reforçar tendências autoritárias no mundo, com políticos buscando proteger seus povos em um cenário regido pela força bruta.