Opinião | Proliferação nuclear entre ex-aliados dos EUA torna-se mais provável
Reavaliação da dependência nuclear dos EUA cresce entre ex-aliados, com debates sobre desenvolvimento de arsenais próprios. A incerteza em relação ao compromisso americano impulsiona países como Alemanha, Polônia, Japão e Coreia do Sul a considerar alternativas de dissuasão.
Reavaliação da Dependência Nuclear dos EUA
A insatisfação com a proteção nuclear dos EUA sob Donald Trump faz ex-aliados como Alemanha, Polônia, França, Japão e Coreia do Sul reconsiderarem suas dependências nucleares.
Esses países, que abandonaram o desenvolvimento de armas nucleares confiando na proteção americana, agora questionam a credibilidade desse compromisso.
Na Alemanha, o chanceler Friedrich Merz propõe discutir um arranjo de compartilhamento nuclear europeu. Thorsten Benner sugere que a Alemanha invista em "latência nuclear", para se preparar para desenvolver armas rapidamente, se necessário.
A Polônia avança na discussão sobre um possível acordo nuclear com a França ou desenvolvimento próprio de armas.
No Japão e na Coreia do Sul, a discussão gira em torno de garantir uma dissuasão autônoma devido à ameaça da Coreia do Norte e à aproximação com Moscou.
As ações do governo Trump, como restrições a informações de inteligência e suspensão de armas para a Ucrânia, aumentam a sensação de necessidade de autonomia militar entre os aliados.
Até agora, os países não romperam com o Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP). Porém, alternativas de cooperação, como depender da França e Reino Unido, levantam preocupações sobre futuros líderes populistas.
A proliferação nuclear pode aumentar a insegurança global, criando tensões entre países como Rússia e China. O intervalo entre a intenção de desenvolver armas e sua obtenção pode resultar em um cenário perigoso.
As mudanças sob Trump parecem irreversíveis. Diplomatas na Alemanha e Polônia questionam a viabilidade de depender da proteção dos EUA a cada eleição. Um novo escudo nuclear poderia levar uma década para ser implementado, tornando essencial o desenvolvimento de um plano B para os estrategistas europeus, assim como para Japão e Coreia do Sul.