Opinião | Por que Trump ataca o Fed
Trump intensifica sua oposição ao Fed e a Powell, ameaçando a independência do banco central dos EUA. A pressão por juros mais baixos e a potencial demissão do chairman geram incertezas no mercado financeiro.
Conflito de Trump com o Fed é mais sério no segundo mandato: O presidente Donald Trump demonstra uma estratégia político-legal para demitir o chairman do Fed, Jerome Powell. No primeiro mandato, as críticas eram apenas retóricas.
Apesar de Trump afirmar que não pretende demitir Powell, seu assessor econômico mencionou uma possível demissão. O motivo: juros baixos para evitar recessão, enquanto suas políticas, como tarifas, impulsionam a inflação.
José Júlio Senna, do IBRE-FGV, aponta que a estratégia de Trump inclui a depreciação do dólar e juros mais baixos. A independência do Fed está em disputa, especialmente após uma ordem executiva que questionou essa autonomia.
Um teste dessa tese está em andamento, com Trump demitindo funcionários de agências federais, levando a uma disputa na Suprema Corte. Uma vitória judicial poderia facilitar a demissão de Powell, embora isso possa ser complicado.
Senna acredita que, se acontecer, seria uma quebra de paradigma no sistema monetário global, podendo abalar economias ao redor do mundo. O dólar, como moeda-reserva, é influenciado por fatores históricos e estruturais.
O movimento de Trump está minando a confiança nos EUA, mas Senna não acredita que o sistema será completamente abandonado. A demissão de Powell é considerada improvável, já que já há efeitos no mercado, como alta dos juros e queda das bolsas.
O economista Tony Volpon sugere que a investida de Trump contra Powell faz parte de uma estratégia para renegociar a partilha de poder entre os poderes da República. Existe também a especulação de que Powell poderia servir como um "bode expiatório" se a recessão ocorrer.
Implicações amplas: A situação ilustra a tensão entre a política monetária e o poder executivo nos EUA, com potencial impacto significativo na economia global.