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Opinião | Não é possível imaginar uma sociedade menos desigual com juros tão elevados

Pesquisa do IBGE revela aumento no rendimento médio e queda na desigualdade, mas dados sobre rendimentos financeiros podem estar subestimados. Especialistas alertam que a elevada taxa de juros pode comprometer a real evolução da distribuição de renda no país.

O governo divulga pesquisa do IBGE (Rendimento de todas as fontes - 2024), revelando duas informações importantes:

  • Rendimento médio real: R$ 3.057, o mais alto da série histórica, com aumento de 2,9% em relação a 2023.
  • Índice de Gini: menor valor desde 2012, indicando redução na desigualdade.

A pesquisa analisa rendimento do trabalho, aposentadorias, pensões, aluguéis, transferências de renda e aplicações financeiras. No entanto, os “outros rendimentos” representaram apenas 1,6% do rendimento médio real per capita em 2024.

A precisão da pesquisa do IBGE é reconhecida, mas apurar rendimentos financeiros é desafiador devido à recusa de informações por parte dos entrevistados e à falta de dados claros das instituições financeiras.

Dados da Anbima mostram que investimentos de pessoas físicas cresceram 12,6% em 2024, alcançando R$ 7,3 trilhões. Com rendimentos hipotéticos de 100% da Selic, esses investimentos poderiam ter gerado R$ 705 bilhões, quase 18% do rendimento total informado pelo IBGE.

O grupo “Private” detém R$ 2,3 trilhões em investimentos, e suas receitas superam o custo do Bolsa Família, que atende quase 21 milhões de famílias.

A conclusão é clara: as receitas financeiras podem estar subestimadas na pesquisa do IBGE, sugerindo que a desigualdade não diminuiu. O governo deve focar em reduzir os juros para evitar a ampliação da desigualdade social. Juros elevados contribuem para um sistema cada vez mais desigual.

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