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OPINIÃO. EUA vs. China: o fim do ‘New Bretton Woods’?

Guerra comercial entre EUA e China reconfigura o sistema financeiro global, questionando o papel do dólar como moeda de reserva. Essa dinâmica instável pode abrir novas oportunidades comerciais para o Brasil, especialmente no setor agroexportador.

A guerra comercial entre China e EUA ressurge com intensidade sob o governo Trump, afetando a economia global.

Reflexão sobre o novo modelo do sistema financeiro global é necessária. Entre 2004 e 2006, surgiu a teoria “The New Bretton Woods”, que afirmava que o sistema financeiro funcionava como o antigo Bretton Woods, mas com nova configuração.

A configuração atual divide o mundo entre centro (EUA) e periferia (países asiáticos, especialmente a China). O centro emite dólares, consome e importa, resultando em déficits comerciais. A periferia, liderada pela China, exporta e acumula reservas em dólares, financiando os déficits americanos.

A média do superávit comercial da China com os EUA entre 2006 e 2024 é de US$ 320 bilhões/ano, totalizando US$ 5,8 trilhões. As reservas cambiais da China saltaram de US$ 1 trilhão para US$ 3,2 trilhões nesse período.

O tarifaço do governo Trump pode sinalizar o fim da interdependência EUA-China, colocando em xeque o papel do dólar como moeda global de reserva. Isso gera debate sobre o futuro modelo econômico global.

Para o Brasil, o impacto pode ser positivo, especialmente para o setor exportador agro, com novas oportunidades comerciais. Se houver um mundo com menos barreiras tarifárias, revisitar-se-ão as vantagens comparativas de cada país será essencial.

Curiosamente, o governo Trump adota medidas que se assemelham a estratégias dos anos 1970 da esquerda latino-americana, como a defesa da indústria local e tarifas comerciais. Isto nos leva a repensar o conceito de desenvolvimento econômico.

A opinião é de Edison Ticle, CFO da Minerva Foods.

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