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Opinião | Batalha de Trump contra o Fed gera instabilidade e causa perdas a todos

Investidores buscam segurança em tempos de incerteza econômica, elevando a demanda pelo ouro. Enquanto isso, as previsões de crescimento do PIB global e brasileiro são reduzidas, sinalizando um cenário desafiador.

No início de fevereiro, a coluna destacou os impactos negativos da tentativa do presidente dos EUA, Donald Trump, de intimidar o chairman do Federal Reserve, Jerome Powell.

Nos últimos dias, Trump ameaçou demitir Powell, mas recuou. A lei não permite isso, e o risco real ocorrerá em maio do próximo ano, quando termina o mandato de Powell. Essa instabilidade causa perdas a todos.

Até a semana passada, o índice S&P 500 havia recuado 10% desde a posse de Trump. Em contraste, o ouro subiu 30% este ano, com a onça sendo cotada a cerca de US$ 3,5 mil. Projeções do JP Morgan indicam que pode ultrapassar US$ 4 mil em 2024.

A alta do ouro, um ativo conservador, sinaliza que investidores estão avessos a riscos. O ativo superou os títulos do Tesouro americano, que exigem juros mais altos para venda, se tornando uma dificuldade para o governo.

Na semana passada, o Fundo Monetário Internacional revisou suas estimativas de crescimento do PIB para baixo: de 3,3% para 2,8% mundialmente e de 2,2% para 2% no Brasil. A tendência indica menos crescimento em 2023, devido às tarifas anunciadas por Trump.

Tradicionalmente, presidentes americanos não criticam o Fed, o que justifica o nervosismo. Trump recuou rapidamente, mas sua intenção de culpar Powell por problemas econômicos futuros ficou evidente.

Não é esperado que empresas que vendem nos EUA transfiram a produção para outros países. O resultado tendente é que os produtos ficarão mais caros e não haverá criação de empregos, contrariando promessas de Trump. A culpa não será de Powell.

Para 2026, o risco é que Trump escolha um chairman do Fed que siga seus desejos, mantendo os juros artificialmente baixos. Isso pode levar a uma inflação elevada e à necessidade de juros altos por quase uma década para restaurar a estabilidade, como aconteceu na década de 1970.

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