Obras de coleta de esgoto da COP30 alcançam apenas 3% da população de Belém
Moradores da periferia de Belém expressam frustração com as obras da COP30, que priorizam áreas urbanizadas em vez de solucionar os problemas de saneamento básico. A desigualdade no acesso a infraestrutura e os investimentos insuficientes em esgoto agravam a crise em regiões como Tapanã e Vila da Barca.
Obras para a COP30 em Belém geram frustração entre moradores da periferia. Luciano Pereira, 55, do bairro Tapanã, critica a falta de melhorias no saneamento básico, destacando que as intervenções são superficiais.
O igas Mata Fome é um esgoto a céu aberto e a coleta de esgoto na região beneficia apenas 40 mil pessoas, equivalente a 3% da população. A promessa do governo é atingir 90% até 2033, mas até agora, apenas 10 mil ligações foram feitas.
A presidente do Instituto Trata Brasil, Luana Pretto, afirma que saneamento básico envolve água tratada, coleta de lixo e manejo da água da chuva, com foco em obras de drenagem e urbanização.
- O investimento em saneamento é de R$ 1 bilhão.
- O BNDES financia 12 canais, com foco na drenagem, e não em esgoto.
- Obras na Vila da Barca despertam polêmica por se tratar de área carente.
Adequações nos canais degradados priorizam áreas com infraestrutura existente, frustando residentes de regiões marginalizadas.
Maria da Gloria Almeida, agente de saúde, acredita que a COP30 trouxe falsas expectativas de melhorias. Pamplona Ximenes, arquiteto, critica que muitos projetos visam beneficiar áreas já desenvolvidas.
Os moradores da Nova Doca questionam o tratamento do esgoto, que se dará próximo a comunidades pobres, levantando preocupações de saúde pública.
A diretora do BNDES, Tereza Campello, defende as obras, alegando que são essenciais para prevenir alagamentos. O secretário de Infraestrutura, Adler Silveira, afirma que as intervenções seguirão critérios técnicos.
Apesar das críticas, alguns moradores se mostram satisfeitos com as melhorias visíveis, como as obras na Av. Cipriano Santos, onde a comunidade celebra avanços na infraestrutura.
No entanto, atrasos na entrega de alguns trechos, como nos canais Benguí e Marambaia, são motivo de preocupação, especialmente com o impacto das chuvas na execução dos serviços.