O que fez a indústria investir R$ 371 bi em capacidade de produção em 2024, maior gasto em 1 década
Expansão dos investimentos na capacidade produtiva brasileira atinge recorde em 2024, com R$ 371 bilhões direcionados a máquinas e infraestrutura. O cenário atual reflete uma recuperação econômica impulsionada por demanda aquecida e redução da Selic.
Empresas brasileiras aumentam investimentos em capacidade produtiva
Com a alta na demanda interna e externa, as empresas do Brasil recomeçaram a investir na expansão de sua capacidade produtiva. Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), R$ 371 bilhões foram direcionados em 2024 para esse fim, o que representa 18,2% do total de investimentos produtivos no país.
Esse valor é o maior em dez anos, utilizando dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que consideram a depreciação dos bens de capital. De 2016 a 2020, o Brasil enfrentou uma recessão e perdeu parte de sua capacidade produtiva.
A recuperação econômica após a pandemia foi rápida, com a capacidade instalada nas fábricas utilizando 83%, nível não visto em 11 anos. Isso levou a um aumento nos investimentos para substituir e expandir a capacidade produtiva, impulsionados por juros baixos e novos incentivos.
Empresas como a Gerdau (R$ 1,5 bilhão), a Moura (R$ 850 milhões) e a Braskem (R$ 614 milhões) estão ativamente expandindo suas operações.
O técnico Marco Antônio Cavalcanti do Ipea observa que a demanda aquecida incentivou os novos investimentos, potencializados pelo ciclo de redução da Selic entre 2023 e 2024.
Investimentos em máquinas e equipamentos superaram a depreciação após nove anos com um crescimento de 2,8%, enquanto os respectivos investimentos em infraestrutura chegaram perto de R$ 260 bilhões, superando recordes anteriores.
Durante os últimos três anos, mais de cem projetos de concessões e Parcerias Público-Privadas (PPPs) foram realizados. O novo arcabouço fiscal facilitou a retomada de obras federais e novas formas de captação de recursos surgiram no mercado.
Cláudio Frischtak, ex-economista do Banco Mundial, destaca que, apesar do crescimento nos investimentos em setores como energia e saneamento básico, os índices ainda são insuficientes para modernizar a infraestrutura do País.