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O que é sionismo — e como seu 'criador' imaginou (e negociou) o Estado de Israel

O impacto de "O Estado Judeu" na história do sionismo e do conflito israelo-palestino é complexo e controverso. Especialistas analisam as diversas interpretações do legado de Theodor Herzl em meio às tensões atuais no Oriente Médio.

O Estado Judeu, de Theodor Herzl, lançado em 1896, defendia a criação de um Estado nacional judaico como solução para o antissemitismo na Europa.

Herzl não viu a realização desse objetivo, que culminou na criação de Israel em 1948, e que é descrito por judeus como retorno e pelos palestinos como tragédia (nakba).

A guerra em Gaza, iniciada após o ataque do grupo Hamas em 7 de outubro de 2023, trouxe à tona discussões sobre o sionismo e o legado de Herzl. A resposta militar israelense resultou em dezenas de milhares de mortos palestinos, levando a debates acalorados sobre a interpretação de Herzl.

Assim, apoiadores do governo de Benjamin Netanyahu interpretam Herzl como um sionista nacionalista, enquanto outros o veem como um idealizador de um sionismo tolerante, que defendia uma solução de dois Estados.

Para críticos, Herzl é visto como responsável pela nakba e o colonialismo judaico. Historiadores destacam que seu objetivo inicial não era a quantidade de vendas de seu livro, mas alcançar líderes influentes.

O conceito de "questão judaica", que Herzl abordou, refletia preocupações sobre a integração dos judeus na sociedade europeia diante do crescente antissemitismo. Sua experiência com o caso Dreyfus na França fortaleceu sua convicção de que uma solução nacional era necessária.

As alternativas para a criação do Estado judaico incluíam Uganda e a Argentina, mas a Palestina emergiu como a principal escolha, até mesmo após propostas de negociação com líderes imperiais, que não resultaram em sucesso.

Apesar de Herzl não ter visto a implementação de suas ideias, o movimento sionista que desenvolveu cresceu e evoluiu, levando a uma variedade de interpretações do seu legado. Sua imagem se adaptou à direita e à esquerda israelense, simbolizando tanto a esperança de um Estado democrático quanto um nacionalismo sem remorsos.

O livro de Herzl continua a ser um ponto de referência, com significados distintos para diversas culturas, refletindo as complexidades da identidade judaica e das relações israelo-palestinas nos dias atuais.

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