O que é estagflação?
Estagflação é um fenômeno econômico raro que combina alta inflação, desemprego elevado e baixo crescimento do PIB. Especialistas alertam para os desafios enfrentados por governos e bancos centrais para mitigar seus impactos, especialmente nos bens de primeira necessidade.
Estagflação é um cenário econômico raro, marcado por altas taxas de desemprego, inflação elevada e baixos índices de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).
O termo, originado do inglês stagflation, foi criado pelo britânico Ian Macleod em 1965 para descrever a situação do Reino Unido, com inflação em alta e desaceleração econômica.
Marcel Moraes, professor de economia da UFC, explica que a estagnação econômica é uma “zona de conforto” sem crescimento, enquanto a inflação tende a ser persistente, variando por diferentes motivos. Moraes menciona três tipos de inflação.
A estagflação é considerada atípica, pois mistura dois eventos opostos: crescimento (geralmente associado ao aumento do emprego e dos preços) e desaceleração (que leva à queda da inflação).
Autoridades e bancos centrais enfrentam o desafio de contornar a estagflação. Se tentarem controlar a inflação, podem gerar desemprego; se impulsionarem a criação de empregos, os preços tendem a subir. No Brasil, a situação é complicada, com crescimento lento e alta inflacionária, levando o Banco Central a aumentar a Selic.
A estagflação afeta diretamente os bens de primeira necessidade, forçando os consumidores a optar por alimentos mais baratos. Indústrias, como a automobilística, também sentem o impacto com a redução do consumo.
Moraes sugere “remédios” para reverter a estagflação, como:
- Relaxamento da pressão entre demanda e oferta.
Contudo, essa medida é difícil no Brasil devido à necessidade de arrecadação tributária para equilibrar contas públicas.
Historicamente, a estagflação foi observada nos Estados Unidos na década de 1970, durante a crise do petróleo, e no Reino Unido, que enfrentou greves industriais. O Brasil viveu sua “década perdida” nos anos 1980, marcada por alta dívida externa e inflação desenfreada.