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O país com menor taxa de natalidade do mundo, mas que tem clínicas de fertilização 'lotadas'

A crescente demanda por tratamentos de fertilidade na Coreia do Sul reflete uma mudança nas atitudes em relação ao planejamento familiar, em meio a um cenário de crise demográfica. Apesar do aumento na taxa de natalidade, muitos desafios financeiros e sociais ainda persistem, desencorajando os jovens a terem filhos.

Demandas Crescentes por Fertilização In Vitro na Coreia do Sul

Kim Mi-ae, 36 anos, iniciou tratamento de fertilização in vitro (FIV) em novembro e enfrentou longas esperas nas clínicas devido à alta demanda.

As clínicas de fertilidade na Coreia do Sul estão em alta, com um aumento de quase 50% nos tratamentos entre 2018 e 2022, totalizando 200 mil procedimentos. Em Seul, um em cada seis bebês nasceu com FIV no ano passado.

Especialistas apontam que a nova geração busca controlar o planejamento familiar, com mulheres solteiras congelando óvulos e casais optando pela FIV.

A Coreia vive uma crise demográfica com a menor taxa de natalidade do mundo, atingindo 0,72 bebês por mulher em 2023. Apesar disso, a taxa apresentou um leve aumento para 0,75 em 2024, o primeiro em nove anos.

O governo tenta combater essa crise, já que 20% da população tem 65 anos ou mais. As jovens expressam o desejo de ter filhos, mas enfrentam barreiras financeiras e sociais que dificultam a maternidade.

Uma pesquisa da ONU indica que mais da metade dos sul-coreanos querem filhos, mas alegam não ter recursos. A idade média para o primeiro filho é de 33,6 anos.

Para aumentar a taxa de natalidade, o governo subsidia tratamentos de FIV, mas os custos continuam altos. Kim gastou mais de 2 milhões de won (R$ 8,1 mil) em um ciclo de FIV, e apenas metade das tentativas tem sucesso.

Desafios não se limitam a custos, mas também à pressão no ambiente de trabalho. Apesar das licenças disponíveis, muitas mulheres encontram dificuldades ao equilibrar trabalho e tratamentos de fertilidade.

Jang Sae-ryeon, 37 anos, também se frustra com os custos e a realidade econômica, tendo já se submetido a cinco ciclos de FIV.

Enquanto alguns enfrentam desafios financeiros e culturais, o desejo de ter filhos persiste, visto como uma das maiores formas de felicidade.

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