O julgamento é de Bolsonaro - não da democracia
Estudo revela que responsabilização judicial de Jair Bolsonaro fortaleceu apoio à democracia entre eleitores, desafiando a crença de que tais ações gerariam polarização. Resultados mostram que, contrariamente às expectativas, a confiança nas instituições democráticas se manteve ou aumentou após a denúncia.
Decisões judiciais no Brasil: em contextos de polarização, são frequentemente vistas como parciais. Quando contrariam preferências de um cidadão, a confiança no Judiciário e na democracia tende a diminuir.
A responsabilização de líderes políticos é arriscada e pode acirrar divisões. Para os opositores, a decisão é justa; para os apoiadores, é vista como motivada politicamente.
Estudos indicam que eleitores rejeitam instituições democráticas que afetam seus líderes preferidos. Alguns afirmam que “eleitores são partidários antes de democratas”.
Um estudo recente desafiou essa suposição. Pesquisadores analisaram 2 mil eleitores brasileiros durante a denúncia da PGR contra Jair Bolsonaro em fevereiro de 2025. O experimento comparou atitudes sobre a democracia antes e depois do evento.
Resultados: a responsabilização de Bolsonaro não diminuiu o apoio à democracia entre seus eleitores; fortaleceu-o entre os que não votaram nele. Apenas antes da acusação: 74% dos eleitores de Bolsonaro consideravam a democracia preferível e 98% valorizavam eleições justas.
Entre eleitores que não apoiaram Bolsonaro, houve aumento no apoio à democracia após a denúncia, especialmente na valorização de eleições livres e uma oposição forte.
A conclusão é clara: responsabilizar líderes antidemocráticos não polariza a sociedade; pode reforçar os valores democráticos. Isso demonstra que instituições podem conter abusos e abrir espaço para alternativas eleitorais à direita em 2026.