O eterno desafio dos papas: sanear as finanças do Vaticano

O papa Francisco iniciou a missão de sanear as contas deficitárias do Vaticano, um desafio que seu sucessor, Leão 14, agora enfrenta.

Embora o Vaticano tenha receitas de hospitais, museus, doações e aluguel de imóveis, suas finanças são cronicamente deficitárias. Em 2023, reportou um prejuízo consolidado de quase 70 milhões de euros, com receita de 1,2 bilhão de euros.

A história financeira do Vaticano é marcada por escândalos, como o Instituto para as Obras da Religião (IOR), vinculado a lavagem de dinheiro e à quebra do banco Ambrosiano em 1982. O caso resultou em uma dívida de US$ 240 milhões e o misterioso assassinato de seu diretor.

Quando Francisco assumiu, em 2013, o Vaticano estava na lista dos EUA de países preocupantes em relação à lavagem de dinheiro. Ele criou o secretariado para a economia e fez nomeações para melhorar a governança.

Medidas de transparência foram implementadas, com a eliminação de 5.000 contas sem vínculo com o Vaticano. A reputação melhorou, e o Vaticano foi elogiado pela luta contra a lavagem de dinheiro.

Entretanto, os escândalos continuaram. O cardeal Angelo Becciu foi condenado em 2023 por desvio de recursos. As investigações revelaram prejuízos de até 180 milhões de euros.

Leão 14 enfrentará desafios adicionais, como a queda das doações (17% da receita) e o aumento dos gastos com pessoal. A situação do sistema de pensões também é alarmante.

Francisco havia admitido a incapacidade de garantir o pagamento das pensões futuras. Entretanto, o banqueiro Jean-Baptiste de Franssu acredita que as reformas iniciadas por Francisco continuarão sob Leão 14.

Os problemas financeiros têm raízes desde a criação do Vaticano em 1929, com a perda dos Estados pontifícios. A Itália não incluiu compensações financeiras significativas, resultando em dificuldades duradouras.