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O deus oxigênio e o diabo CO2

A história da evolução e do papel do oxigênio nos ensina sobre transições essenciais para a vida. No entanto, os níveis alarmantes de dióxido de carbono indicam que já ultrapassamos limites críticos para o futuro do planeta.

Não quero viver em um mundo em que Deus deixou o sertão sem água porque sabia que Lula seria presidente. Prefiro um mundo iluminado pela ciência, mesmo que não tenha o apelo das explicações religiosas.

Vamos falar sobre a nossa origem e seu ensinamento sobre o papel de limiares em fenômenos complexos.

Ninguém cultua o deus oxigênio, mas seu surgimento foi decisivo há 2,4 bilhões de anos, quando as cianobactérias começaram a fotossintetizar. Antes, a atmosfera era tóxica, sem oxigênio. Quase 2 bilhões de anos depois, o oxigênio acumulou-se o suficiente para sustentar animais grandes.

Esse momento representou um efeito limiar, comum em sistemas complexos. Essa mudança trouxe a camada de ozônio, essencial para a proteção da vida terrestre e um marco na teia de causalidade da vida.

A evolução da multicelularidade e a competição entre organismos impulsionaram a guerra evolucionária entre presas e predadores que nos molda até hoje. O oxigênio, fonte rica de energia, possibilitou um metabolismo aeróbico que produz 10 vezes mais energia que o anaeróbico.

O processo de oxigenação levou 3,9 bilhões de anos, quase toda a idade da Terra (4,5 bilhões). Nossos ancestrais surgiram há apenas 300 mil anos. A busca por vida semelhante em sistemas de estrelas curtas é, portanto, questionável.

A história é abordada no livro Belas Adormecidas ("Sleeping Beauties", 2023) do pesquisador Andreas Wagner, que argumenta que inovações na natureza e cultura existem antes de serem “acordadas” pelo ambiente.

Por fim, no caso do dióxido de carbono (CO2), seus níveis atingiram 430 ppm em maio, patamar nunca visto há 3 milhões de anos, muito acima do nível sustentável de 350 ppm. O limiar já foi cruzado, e discursos vazios não reverterão o inferno climático que enfrentamos.

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