O cotidiano de calor nas escolas brasileiras, onde grande parte das salas de aula não têm ar-condicionado
Alunos em Praia Grande enfrentam altas temperaturas em salas sem ar-condicionado, gerando desconforto e problemas de saúde. Prefeitura planeja estudar a climatização das escolas, mas não apresenta prazos.
Calor extremo prejudica alunos em Praia Grande
A menina Maria Lavinia Santos Costa, de 4 anos, enfrenta temperaturas altas nas salas da Escola Municipal Oswaldo Justo em Praia Grande, SP, onde 56 mil alunos não têm ar-condicionado.
Com apenas dois ventiladores em sua sala, Maria volta para casa exausta e com brotoeja, enquanto sua mãe, Luana Costa, já criou um abaixo-assinado que arrecadou mais de 18 mil assinaturas pedindo climatização nas escolas.
No dia 17 de fevereiro, a sensação térmica na Baixada Santista alcançou 50 ºC. A Prefeitura admite o problema e iniciou um estudo sobre viabilidade para a climatização, mas sem prazos definidos.
Uma pesquisa revelou que apenas 34% das salas de aula em escolas públicas brasileiras são climatizadas. O estado de São Paulo tem apenas 2,7% de salas climatizadas nas escolas estaduais.
O advogado Ariel de Castro Alves critica a omissão do poder público, afirmando que isso fere os direitos das crianças garantidos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
O Ministério da Educação (MEC) oferece assistência para climatização, enquanto o governo paulista espera atingir 60% de climatização nas escolas até 2027, após investimentos de R$ 350 milhões.
O calor não é um problema apenas em Praia Grande; em Nova Iguaçu (RJ), apenas 82 das 151 escolas são climatizadas, e o Centro Integrado de Educação do município comenta as dificuldades enfrentadas pelos alunos.
A saúde dos estudantes é impactada: o calor excessivo está relacionado a um aumento de até 20% nos problemas respiratórios entre crianças em Santos, segundo a médica Vera Rullo.
Além disso, o aprendizado sofre; estudos apontam perda de aprendizagem de até 50% em dias com temperaturas altas.
Maria Isabel Barros, do Instituto Alana, sugere soluções como mais arborização e ventilação natural nas escolas, para enfrentar a emergência climática e oferecer um ambiente escolar mais saudável.