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O café está caro — a crise climática bate à nossa mesa

A crise climática provoca alta dos preços dos alimentos, impactando diretamente a economia e a segurança alimentar da população. A incerteza nas safras e o aumento das condições extremas exigem ações urgentes para garantir o direito à alimentação e a sustentabilidade agrícola.

A crise climática já se tornou uma realidade visível no cotidiano, especialmente no preço da comida.

O café, um produto simbólico do Brasil, enfrenta alta de preços devido à seca histórica, a pior em sete décadas. E esse aumento é apenas o início; outros alimentos também devem sofrer impacto.

As condições climáticas extremas, como secas prolongadas e chuvas excessivas, já afetam culturas como arroz, milho, feijão e banana. Mesmo plantas adaptadas ao clima tropical estão em risco.

Esses fatores transformam as mudanças climáticas de uma questão ambiental para um problema econômico, refletindo diretamente em inflação, seguros agrícolas e no PIB do agronegócio, que representa mais de 20% do PIB brasileiro.

O fenômeno El Niño, que ocorreu entre 2023 e 2024, agravou a situação, intensificando a seca e afetando plantações importantes. Esse padrão de aquecimento se tornará o "novo normal" devido ao aumento de gases de efeito estufa.

Globalmente, países como a Índia suspenderam as exportações de arroz, resultando em escassez e aumento de preços. A FAO e o Banco Mundial alertam que as mudanças climáticas são um dos principais motores da inflação de alimentos, principalmente em países em desenvolvimento.

Em 2023, a inflação de alimentos superou 10% em diversos países da América Latina e África, ressaltando que o clima é um fator macroeconômico crucial. No Brasil, mais de 30% da população vivia em insegurança alimentar moderada ou grave em 2022. O aumento dos preços básicos força escolhas difíceis entre comer menos ou comer pior.

Enfrentar as mudanças climáticas significa também abordar a fome e garantir o direito à alimentação. Ações urgentes incluem:

  • Tornar a agricultura mais resistente ao clima;
  • Valorizar a produção familiar;
  • Proteger ecossistemas;
  • Apoiar políticas públicas para pequenos produtores.

Tratar clima e economia como temas separados é um erro. A crise climática está fazendo a comida faltar e encarecer, afetando compras, empregos e política monetária. A conexão entre meio ambiente e economia deve ser reconhecida e abordada.

Os desafios estão à nossa mesa: garantir comida no prato é uma política climática.

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