O avanço de igrejas evangélicas em aldeias indígenas: 'Não tem gay, família é sagrada, seguem os mandamentos sem conhecer a Bíblia'

Pastor e cacique Ubiratã Silva sonhou com a construção de um templo evangélico na aldeia Tekoa Kwaray, em Peruíbe, durante 2012. Na época, os cultos não ocorriam por falta de espaço para reuniões.

A aldeia Tekoa Kwaray é parte do território Piaçaguera, demarcado em 2016, com aproximadamente 2,7 mil hectares. Em 2023, havia 358 indígenas vivendo no território, sendo que 35 deles residem na Tekoa Kwaray.

O templo, inaugurado no final de 2012, foi resultado de um mutirão promovido por missionários, liderado por Arthur e Paula Bittencourt. Apesar das dificuldades, Ubiratã acredita que o sonho de ter uma igreja na aldeia se concretizou. O templo é hoje considerado a primeira igreja indígena do Brasil.

As aldeias dentro do território Piaçaguera possuem várias igrejas evangélicas, refletindo um crescimento significativo do evangelho nas comunidades indígenas, conforme observado por missionários e antropólogos. Contudo, as comunidades ainda enfrentam tensões e conflitos religiosos.

O impacto da presença evangélica varia, com algumas comunidades acolhendo igrejas e outras resistindo à sua instalação, refletindo a diversidade de opiniões sobre a convivência entre culturas indígenas e práticas religiosas.

A presença de cultos evangélicos gera debates sobre identidade cultural e a relação entre a casa de reza (espaço tradicional indígena) e a igreja evangélica. A missionária Luzia Coelho e outras vozes reconhecem a dificuldade de equilibrar as necessidades espirituais da comunidade com a manutenção das tradições indígenas.

Ubiratã, ao lado de outros líderes, continua a promover a evangelização entre os indígenas, mesmo diante das divisões que surgiram, colhendo frutos de sua fé e buscando unidade em meio à diversidade.