O açúcar dos mercados e a glutonaria financeira
Investidores ignoram riscos crescentes na economia, similar a hábitos alimentares prejudiciais. A persistente crença na salvação dos bancos centrais pode levar a consequências severas no futuro.
Alexandre Espirito Santo, Sócio e Economista-Chefe da Way Investimentos, relata sua experiência de um ano sem açúcares e refrigerantes, resultando em uma perda de quase dez quilos.
Ele inicia sua coluna refletindo sobre hábitos saudáveis e seu impacto na saúde. Assim como decisões sobre dieta, as escolhas feitas na economia também são cruciais.
A crítica é à forma como os mercados financeiros ignoram os riscos atuais, como se estivessem entorpecidos pela liquidez injetada pelos bancos centrais na pandemia.
Exemplos incluem:
- O Fed injetou quase US$ 3 trilhões em poucos meses em 2020.
- Alavancagem excessiva e volume de derivativos ultrapassam em sete vezes o PIB global.
- Conflitos globais geram inflação e deflação.
- Percepção ilusória da onipotência dos bancos centrais, como salvadores de crises passadas.
Após ataques de Israel ao Irã, a reação do mercado foi morna, questionando a racionalidade frente a uma potencial guerra.
O autor observa que, historicamente, tais eventos teriam reações mais intensas, enquanto atualmente, as bolsas estão em máximas históricas.
Ele alerta sobre o comportamento dos investidores: estariam próximos de uma “ressaca” econômica devido à glutonaria? O ajuste é inevitável, mesmo com cortes nas taxas de juros.
Conclui afirmando que as balanças econômicas, sobrecarregadas, perderão sua calibragem. A questão permanece: qual será o timing desse ajuste?