Número de médicos no Brasil deve saltar para 1,15 milhão em 10 anos, projeta estudo
Crescimento no número de médicos é acompanhado de desigualdade regional e carência de vagas em residências. Estudo aponta que São Paulo concentra a maior parte dos profissionais, enquanto o Norte enfrenta escassez de especialistas.
Brasil deve encerrar 2023 com 635,7 mil médicos, um crescimento de 22,5% em relação a 2020.
Atualmente, há 2,98 médicos por mil habitantes. A expectativa é que em 2035, esse número chegue a 1,15 milhões, com 5,25 médicos por mil habitantes.
Os dados são do estudo Demografia Médica do Brasil 2025, da Faculdade de Medicina da USP, coordenado por Mario Scheffer.
No Brasil, 59,1% são especialistas e 40,9% são generalistas. A disparidade regional é notável:
- Norte: 5,9% especialistas
- Centro-Oeste: 7,5%
- Nordeste: 14,5%
- Sudeste: 55,4%
- Sul: 16,7%
São Paulo concentra o maior número de médicos: 172,7 mil, com 3,76 médicos por mil habitantes.
O estudo, financiado pelo Ministério da Saúde, indica aumento de cursos no interior:
"Médicos estarão mais próximos da população desassistida", diz Scheffer, embora avise sobre a superconcentração em algumas regiões.
Eloisa Bonfá, da FMUSP, destaca a carência de residências, com 16,2 mil vagas para 32,6 mil graduados em 2024.
O ministro Alexandre Padilha planeja um projeto para resolver a carência de vagas, criticando a revogação de medidas que autorizavam abertura de novas residências.
Padilha também defende testes de progresso durante a graduação em medicina, em vez de um exame final.
A AMB, representada por César Eduardo Fernandes, ressalta a necessidade de qualificação continuada e supervisão adequada para egressos e residentes.
A renda média do médico em 2022 foi de R$ 36,8 mil, uma queda de 7,3% em relação a 2012. Os maiores rendimentos foram em:
- Roraima: R$ 50,6 mil
- Distrito Federal: R$ 44,6 mil
- Amapá: R$ 42,4 mil
Os menores rendimentos foram registrados no:Maranhão: R$ 29,9 mil, Bahia: R$ 31,3 mil e Paraíba: R$ 32 mil.