Novas fronteiras: Cacau desafia a seca e o calor e desbrava o semiárido mineiro
Agricultores de Minas Gerais buscam novas oportunidades no cultivo de cacau em meio a alterações climáticas e de mercado. A região se destaca como uma promissora fronteira agrícola, com técnicas inovadoras e pesquisas que potencializam a produção sustentável do chocolate.
João Marcelo Caíres Antunes, agrônomo de 35 anos, que tem uma tradição familiar de 30 anos na produção de banana, começou a plantar cacau em 2022 na fazenda Lageado, em Jaíba, MG.
O norte de Minas Gerais se destaca como uma nova fronteira agrícola para o cacau, impulsionada por técnicas modernas e variedades de mudas clonadas.
O preço do cacau triplicou desde 2022, atingindo picos de US$ 12 mil por tonelada, devido à redução da oferta de Costa do Marfim e Gana devido a doenças e clima adverso.
Anna Paula Losi, da AIPC, aponta que preços estão acima da média histórica e os estoques seguem baixos.
Antunes, após perder parte da colheita de banana devido ao mal-do-Panamá, começou a diversificar. Ele cultivou 10 hectares com cacau e banana, agora ampliados para 74 hectares.
Além dele, Luiz Schwarcz, que começou a produzir cacau em 2020, já está colhendo e planeja aumentar sua área para 50 hectares.
O projeto Agro+Verde, em colaboração com a Faemg e Cargill, visa expandir o cultivo de cacau na região, prevendo até 3 mil hectares adicionais até 2026.
A região de São Paulo e o oeste da Bahia também estão sendo definidos como novas fronteiras do cacau, com cultivos consorciados com outras culturas.
Atualmente, a produção nacional de cacau é 200 a 220 mil toneladas, insuficiente para a demanda de 240 a 250 mil toneladas, destacando uma janela de oportunidade devido ao declínio da produção em países africanos.
O plano Inova Cacau 2030 pretende dobrar a produção nacional, e a tendência é que o Brasil possa voltar a ser um forte produtor de cacau mundialmente.