‘Não temos no mercado americano a nossa razão de vida’, diz Mendonça de Barros sobre o tarifaço
Economista alerta sobre os efeitos negativos do tarifaço global de Trump na economia, enfatizando a necessidade de adaptação do Brasil. Ele sugere que o país busque maior competitividade e diversificação das exportações para minimizar os impactos.
Donald Trump adiou a aplicação do tarifaço às exportações globais, com o Brasil levando a maior taxa, de 50%.
José Roberto Mendonça de Barros, ex-secretário de Política Econômica, afirma que a economia global sairá perdendo. Em live com o Estadão, ele destacou a permanência da insegurança mesmo após as tarifas.
Segundo Barros, países estão repensando interesses e redesenhando comércio, o que pode paralisar o setor. As medidas de Trump impactam não apenas os EUA, mas também o mundo, resultando em menos crescimento.
Aumento da inflação nos EUA é esperado, com repasse aos consumidores, levando a um crescimento menor. O Banco Central poderá ser forçado a escolher entre aumentar ou diminuir juros.
Barros alerta que a competitividade está em risco, especialmente com os ataques de Trump às universidades e à ciência. Ele prevê um futuro protetorista, com menos regras comerciais e a formação de polos como China e Estados Unidos.
Impacto econômico no Brasil será moderado; as exportações de carne podem ser redirecionadas. Produtos como mel do Piauí, rochas ornamentais do Espírito Santo e açúcar orgânico de São Paulo enfrentarão maior dificuldade.
Barros teme consequências de longo prazo na economia brasileira e sugere que estados apoiem empresas locais. Expectativas são que Brasil saia da lista de tarifas devido a superávit, mas a questão política representa um desafio.
Ele critica o plano atabalhoado de Trump, que termina atrapalhando os próprios interesses dos EUA. O resultado será a migração das exportações brasileiras para outros países.
Barros indica que a lição para o futuro é abrir as indústrias para aumentar a competitividade, enquanto o setor de commodities já se adapta.