“Não é matemática, e sim humor”: BBI explica queda da B3 após tarifa e traça cenários
Analistas do Bradesco afirmam que a recente queda do mercado acionário brasileiro é mais influenciada pelo pessimismo dos investidores do que por impactos econômicos diretos das tarifas dos EUA. Apesar da pressão sobre o MSCI Brasil, a equipe vê oportunidades de compra e apresenta cenários tarifários para o futuro.
A recente queda do mercado de ações brasileiro está mais ligada ao sentimento dos investidores do que aos efeitos econômicos das tarifas dos EUA, segundo análise do Bradesco BBI.
O banco mantém sua recomendação overweight para o Brasil, avaliando que o risco é controlado, apesar da pressão no MSCI Brasil, que caiu 6% desde o anúncio de tarifas em 9 de julho.
Os impactos das tarifas são gerenciáveis: com uma taxa de 50%, as exportações brasileiras poderiam perder R$ 15 bilhões, levando o câmbio a R$ 5,75, acrescentando 35 pontos-base à inflação do IPCA e reduzindo o PIB em 0,6 ponto neste ano e em 2026.
Num cenário radical, com tarifas de 100%, a conta corrente poderia ser impactada em até US$ 33 bilhões, depreciando o real para R$ 6,20 a R$ 6,30 e elevando a inflação em 90 pontos-base, com uma queda do PIB de 1,2 ponto.
A análise indica que o efeito nas projeções de inflação seria neutro, não justificando mudanças na política monetária. O desempenho do mercado acionário tem refletido eventos de risco tarifário anteriores, com uma média de queda de 12% e uma recuperação em até 34 dias.
Apesar da pressão no mercado de ações, a performance do real tem sido estável, recuando apenas 2% a 3%. O prêmio de risco para ações brasileiras se mantém em cerca de 400 pontos-base. A equipe do Bradesco observa que a reação negativa da Bolsa é mais relacionada ao humor global do que a fundamentos econômicos.
A previsão é de 80% de confirmação das tarifas de 50% em 1º de agosto, aumentando a aversão ao risco. O BBI testou três cenários tarifários:
- Desescalada: Tarifa de 15%, considerada a mais otimista.
- Impasse prolongado: Tarifa de 50%, com um corte potencial de 1,3% nas estimativas de lucros.
- Escalada: Tarifa de 100%, impactando os lucros em -2,5%.
O Bradesco vê a atual fraqueza como uma oportunidade de compra, destacando que o Brasil é um dos mercados mais baratos do mundo, com riscos ligados a uma escalada prolongada das tarifas e o sentimento dos investidores.