'Mulheres do job': profissionais do sexo trocam dicas e oferecem 'mentoria' a iniciantes no TikTok
Profissionais do sexo utilizam redes sociais para compartilhar experiências e desafiar estigmas, mas enfrentam críticas sobre a romantização da profissão. As influenciadoras buscam informar e desmistificar o trabalho sexual, enquanto alertam sobre os desafios e perigos envolvidos.
Sara Müller, profissional do sexo e influenciadora de 30 anos, compartilha sua experiência na carreira em vídeos diários no TikTok, abordando tanto os desafios quanto as realidades do trabalho sexual.
Ela conta com mais de 60 mil seguidores e enfrenta tanto elogios quanto críticas nas redes, onde é acusada de "romantizar" a profissão. Sara refuta essa ideia, afirmando que sua intenção é abrir a mente das pessoas sobre a carreira que exerce desde 2015.
Profissionais do sexo nas redes sociais têm proliferado, compartilhando dicas de segurança e beleza, além de mentoria para iniciantes. Mariel Fernanda, outra influenciadora, reforça que "programa" é um trabalho como qualquer outro e troca experiências com seguidores.
Embora a popularidade da profissão cresça, surgem preocupações sobre sua glamorização. Críticas surgem de quem teme que isso atraia jovens sem conhecimento do real cotidiano. Profissionais expressam que entrar no trabalho sexual não é fácil e muitas enfrentam marginalização.
A profissional Deusa Artemis usa as redes para combater a falta de informação sobre a profissão e alertar sobre a realidade das trabalhadoras. Monique Prado destaca como a visibilidade ajuda a desestigmatizar o trabalho sexual e aponta que há muitos aspectos positivos na profissão.
Sara também oferece mentoria para outras mulheres, compartilhando abordagens que funcionaram para ela, sempre destacando os riscos e desafios da carreira. Demais influenciadoras, como Dihmayara, alertam sobre a realidade difícil da profissão, desmistificando a ideia de que é um contos de fadas.
O antropólogo Thaddeus Blanchette explica que os desafios enfrentados por profissionais do sexo são reais e que o estigma associado à profissão distorce as percepções públicas sobre o tema. Ele destaca que enquanto a prostituição voluntária não é criminalizada no Brasil, as trabalhadoras carecem de direitos.
A desigualdade é visível: as profissionais que usam redes sociais muitas vezes possuem uma realidade muito diferente daquelas marginalizadas ou forçadas a trabalhar em condições precárias. A delegada Cyntia Carvalho relembra que muitas enfrentam violência e exploração, destacando a importância de ouvir suas vozes.
Por fim, a ativista Juma Santos ressalta sobre a necessidade de união entre diferentes gerações e classes para garantir direitos e respeito às profissionais do sexo, promovendo uma luta conjunta e abrangente.