Morre aos 74 anos Marcelo Beraba, jornalista e um dos fundadores da Abraji
Jornalista com mais de quatro décadas de carreira, Beraba teve uma importante influência na modernização do jornalismo investigativo no Brasil. Ele foi pioneiro na cobertura de temas sensíveis e na criação da Abraji, fortalecendo a segurança e a formação de profissionais da área.
Morreu nesta segunda-feira, aos 74 anos, o jornalista Marcelo Beraba. Um dos idealizadores e primeiro presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), Beraba começou sua carreira em 1971 no GLOBO.
Beraba formou-se em jornalismo pela UFRJ e atuou na editoria de Polícia do GLOBO, onde destacou-se com a cobertura de um furo jornalístico nos anos finais da ditadura militar. Ele obteve imagens exclusivas da cirurgia do coronel Wilson Machado, que esteve envolvido em um atentado frustrado em 1981.
Essas imagens, publicadas em 6 de maio de 1981, contribuíram para a abertura democrática do país.
Em 1984, foi para a Folha de S. Paulo, onde se tornou diretor da sucursal do Rio. Participou de coberturas marcantes, como o vazamento na usina nuclear de Angra dos Reis, em 1986. Atuou ainda como secretário de redação na Folha e editor-executivo do Jornal do Brasil.
Beraba teve passagens significativas pela TV Globo e retornou à Folha em 1999 para dirigir a sucursal carioca. Em 2008, mudou-se para o Estadão, onde foi diretor e editor-chefe até se aposentar em 2019, após 48 anos de carreira.
A ideia de fundar a Abraji veio após o assassinato do jornalista Tim Lopes, em 2002. Com o apoio de cerca de 150 jornalistas, Beraba foi escolhido como o primeiro presidente da associação, que promove a troca de informações e apoio ao jornalismo investigativo.
Ele liderou a Abraji até 2007 e recebeu o prêmio Excelência em Jornalismo pelo ICFJ em 2005. Beraba era conhecido por ser um chefe exigente e repórter inquieto, sempre priorizando a clara comunicação e a apuração rigorosa.
Foi casado com a jornalista Elvira Lobato e teve uma filha, Cecilia.