Militar diz ao STF que plano para prender ministros era “simulação” do Exército
Tenente-coronel Hélio Ferreira Lima defende plano encontrado em sua casa como um exercício hipotético de inteligência militar sobre possíveis fraudes eleitorais. A Procuradoria-Geral da República contesta sua versão, apontando para indícios de planejamento de um golpe de Estado.
Tenente-coronel Hélio Ferreira Lima, réu na ação penal sobre a tentativa de golpe de Estado, afirmou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que o plano encontrado pela Polícia Federal em sua casa era apenas um exercício hipotético de inteligência militar.
Intitulado "Desenho Operacional Luneta", esse plano foi elaborado na 6ª Divisão do Exército, em Porto Alegre (RS), em resposta a possíveis fraudes eleitorais. A revelação ocorreu durante seu depoimento nesta segunda-feira (28), no julgamento do núcleo 3 da trama golpista, composto por militares.
Ferreira Lima, com formação em Forças Especiais e membro do grupo “kids pretos”, disse que sua função era antecipar cenários. O documento, segundo ele, foi uma iniciativa própria que nunca foi aprovado por seus superiores.
- O plano incluía:
- prisão de ministros “geradores de instabilidade”;
- neutralização do ministro Alexandre de Moraes;
- criação de gabinetes de crise;
- convocação de novas eleições.
Ele ressaltou que a proposta foi descartada por ordem do chefe de inteligência e não foi oficialmente apresentada.
A Procuradoria-Geral da República (PGR), por outro lado, vê o plano como parte de um planejamento prévio para uma ruptura institucional. A acusação sustenta que Ferreira Lima integrava o núcleo operacional, em articulação com outros oficiais e civis ligados a Jair Bolsonaro.
Ferreira Lima também negou que uma reunião de 12 de novembro de 2022 no apartamento do general Walter Braga Netto tivesse conteúdo golpista.
Além dele, outros nove réus foram ouvidos, incluindo coronéis e um agente da Polícia Federal. A sessão foi marcada por debates jurídicos sobre o uso de farda e tentativas de desvincular ações individuais da atuação institucional do Exército.