Milho, o primo pobre que está virando o dono da festa
Produtores e indústrias estão apreensivos com as condições climáticas que afetam a safra de milho no Triângulo Mineiro. A incerteza sobre as chuvas pode elevar os preços do grão ao longo do ano.
Produtor rural Pedro Ottoni, da EccoAgro em Uberaba, observa com atenção o clima e os preços do milho.
As próximas semanas são cruciais para o desenvolvimento da lavoura, com expectativas de colheita entre 180 a 200 sacas por hectare.
Devido à falta de chuvas em fevereiro, o plantio do milho no Triângulo Mineiro teve sua janela reduzida, e Ottoni precisou reduzir a área plantada de 250 para 150 hectares.
Ele alerta: “A cada dia de atraso no plantio, a produtividade diminui em duas sacas por hectare.”
Com o clima imprevisível, Ottoni optou por irrigar parte da lavoura, que antes usava para trigo e cenoura. O mercado também observa, já que a safrinha de milho corresponde a 78% da produção anual.
Samuel Isaak, da XP, afirma: “Um problema na safrinha manterá o preço do milho alto.”
A Conab projeta produção de 122,7 milhões de toneladas em 2025, incluindo três safras no ano.
O milho no Brasil é versátil, adaptando-se a diferentes climas e propriedades. A produtividade média é de 5.800 quilos por hectare, podendo dobrar com alta tecnologia.
O Brasil é o terceiro maior produtor e o segundo maior exportador de milho, saltando de 50 milhões de toneladas em 2011 para 120 milhões atualmente, impulsionado pela safrinha.
Contudo, o milho é muitas vezes preterido em favor da soja, que vale o dobro no mercado. Paulo Bertolini, da Associação dos Produtores de Milho, destaca a demanda crescente por milho na indústria de proteína animal e etanol.
Na última safra, 17 milhões de toneladas foram destinadas a usinas de etanol, com 25 biorrefinarias operando atualmente no Brasil.
Projeções apontam uma demanda de 39 milhões de toneladas para etanol até 2030, apesar de desafios.
Bertolini acredita que “o Brasil pode se tornar o país do milho,” superando a soja na produção.