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Milei chama sonegadores de impostos de 'heróis' e diz faltar 'talento' a quem 'cumpriu todas as regras'

Milei defende que sonegação é uma forma de resistência ao governo e critica punições a quem evade impostos. O presidente argentino busca flexibilizar regras tributárias para estimular a economia, mas enfrenta preocupações sobre a legalização de dinheiro ilícito.

Javier Milei, presidente da Argentina, fez declarações polêmicas em entrevista à TV, elogiando os sonegadores de impostos.

Ele defendeu seu projeto para flexibilizar regras tributárias, permitindo o uso de dólares não declarados no país. Milei afirmou que quem tenta se proteger dos "políticos ladrões" é um herói.

Milei criticou o cumprimento de regras, sugerindo que quem não sonegou impostos talvez não tenha "talento ou coragem" suficiente. Ele afirmou: "Se todos tivessem conseguido sonegar... os políticos teriam parado de nos roubar."

A entrevista foi concedida no programa "Otra Mañana", após perguntas sobre a implementação das medidas para incentivar o uso de dólares guardados pelos argentinos.

Muitos argentinos recorrem ao dólar blue, mercado informal, devido à inflação e desvalorização do peso. Milei chamou a situação do imposto inflacionário de devastadora e afirmou que os argentinos transferem seu dinheiro ao setor informal para escapar do Estado.

O ministro da Economia, Luis Caputo, explicou que as novas regras permitirão que a população use esse dinheiro para compras de eletrodomésticos, carros e imóveis, sem necessidade de "explicações".

Criticos temem que as medidas facilitem a legalização de dinheiro de atividades criminosas, como o narcotráfico. Milei respondeu que o combate ao crime deve ser tratado com os Ministérios da Segurança e da Defesa.

Ele comparou os sonegadores a pessoas que escapam de regimes opressores e disse que não se deve puni-los. Segundo ele, "quem pôde se safar, genial", e lamentou pelos que não conseguiram.

Estimativas indicam que os argentinos mantêm entre US$ 200 bilhões e US$ 400 bilhões em dinheiro não declarado, o que representa 33% a 66% do PIB do país, de US$ 600 bilhões. Incentivar o uso desses valores pode gerar uma aceleração enorme na economia.

Atualização: Argentina libera o limite de compra de dólares para pessoas físicas.

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