Milei aposta em inflação de 1% até outubro após cortes bilionários em gastos públicos
Medidas de austeridade do governo Milei visam controlar a inflação e equilibrar as contas públicas, mas acarretam cortes significativos em serviços essenciais. O desafio é reduzir a inflação a 1% ao mês até as eleições, em meio a um cenário de volatilidade cambial e pressão social.
O governo de Javier Milei eliminou 42 mil cargos públicos e cortou investimentos e subsídios para conter a inflação e equilibrar as contas da Argentina.
A meta é atingir uma inflação de 1% ao mês até as eleições legislativas de outubro, algo não visto desde 2017. A estratégia de cortes é liderada pelo ministro Federico Sturzenegger.
A "motosserra" de Milei resultou em uma economia fiscal de US$ 42 bilhões desde dezembro de 2023. Os impactos incluem:
- 75% de queda nos investimentos públicos em 2024;
- 53% de redução dos subsídios à energia no primeiro trimestre de 2025;
- Quedas de até 44,5% nos repasses para transporte de passageiros.
As tarifas de energia, sem subsídios, aumentaram uma média de 156,9% na grande Buenos Aires e até 269,4% na Patagônia.
Os gastos com pessoal reduziram 9,3% em termos reais; programas sociais encolheram 25,3%; e repasses para hospitais públicos caíram 51,9%.
Apesar da austeridade, o governo destina 50 bilhões de pesos ao Ministério do Capital Humano, sete vezes mais do que ao Ministério da Economia, que recebeu apenas 7,5 bilhões de pesos.
A Casa Rosada busca um déficit zero e um dólar estável em um ano eleitoral. Contudo, a variação da moeda é ampla, entre 40% e 60%, indicando risco de instabilidade.
Milei conta com um colchão cambial de US$ 20,6 bilhões, incluindo US$ 15 bilhões do FMI, que sustenta a política de ajuste. O governo se comprometeu a acumular US$ 5 bilhões em reservas.
Sturzenegger afirma que o plano "tirou 10 milhões de argentinos da pobreza".