Mercado de trabalho se recupera, mas ainda tem grandes desafios
Apesar da recuperação do mercado de trabalho e aumentos médios de rendimento, desigualdades persistem e a maioria dos trabalhadores ainda enfrenta dificuldades financeiras. Políticas públicas são urgentes para garantir que os avanços se traduzam em melhoria efetiva para todos.
Boletim Emprego em Pauta do Dieese aponta avanço no rendimento médio do trabalho no Brasil, mas apenas metade dos ocupados recebeu aumento real em 2024.
O mercado de trabalho está se recuperando após impactos da pandemia. Entre 2020 e 2024, foram 16,6 milhões de novos empregos e a taxa de desemprego caiu pela metade, atingindo mínimos históricos. Em 2024, 85% das negociações coletivas superaram a inflação, o melhor resultado desde 2018.
Apesar dos avanços, a insatisfação entre trabalhadores ainda é alta, evidenciando desigualdades na renda. De 2022 a 2024, o rendimento domiciliar per capita cresceu 23,2% para os mais pobres, 18,2% para os intermediários e 14,1% para os mais ricos.
No entanto, o rendimento médio do trabalho subiu 7,3% entre os 40% mais pobres e 7,6% entre os mais ricos; em valores absolutos, o aumento foi de apenas R$ 76 mensal para os mais pobres, contra R$ 901 para os 10% mais ricos.
A mediana revela que metade dos trabalhadores teve aumento de no máximo R$ 27 de 2023 a 2024. Além disso, 31% ainda recebiam até 1 salário mínimo; cerca de 5 milhões estavam subocupados.
Ainda que haja mais empregos, muitos são de baixa remuneração e instáveis. A inflação dos alimentos agrava a situação dos mais pobres.
Os dados mostram melhora no rendimento médio, mas as desigualdades persistem. O desafio é criar políticas públicas que valorizem o salário mínimo, promovam a formalização e incentivem a negociação coletiva. Dessa forma, o crescimento do emprego poderá resultar em melhorias reais na vida dos trabalhadores brasileiros.