Menos retorno e mais risco: Ibovespa ainda é a melhor referência para investir na bolsa?
Gestores questionam a eficácia do Ibovespa como parâmetro para a renda variável no Brasil, apontando sua ineficiência em comparação a outros índices. Estudo sugere que uma nova abordagem na alocação de recursos pode trazer melhores resultados para os investidores.
Ibovespa se tornou inadequado como referência para o mercado brasileiro
Desde 2022, o Ibovespa tem sido influenciado por fatores macroeconômicos, prejudicando a análise dos resultados das empresas brasileiras.
Especialistas questionam se o Ibovespa é a melhor medida para a renda variável, já que no longo prazo ele tem tido performance inferior à renda fixa, como a taxa do CDI.
Desde 2010, o Ibovespa teve retorno acumulado de apenas 90%, enquanto o Índice Dividendos (Idiv) valorizou 305% nesse período.
Valter Bianchi Filho, da Fundamenta Investimentos, aponta que o índice não recompensa adequadamente o risco ao qual os investidores são expostos.
Um estudo da Tag Investimentos sugere que as carteiras de ações deveriam se desvincular do Ibovespa, apontando sua ineficiência em termos de retorno e volatilidade em comparação com outros índices.
A pesquisa revelou que o Ibovespa apresentou maior volatilidade com menor retorno em períodos estressantes, evidenciando a alocação ineficiente dos recursos por parte dos investidores.
Embora a diferença de desempenho entre os índices seja pequena, isso leva à reflexão sobre a influência do ambiente externo e das discussões internas no mercado brasileiro.
A Tag propõe um novo portfólio: 50% em Idiv e 50% em um novo índice de baixa volatilidade (IBLV), visando maior proteção nos contextos de crise.
Apesar da eficácia dessa abordagem a longo prazo, em momentos de alta, esse portfólio pode não superar o Ibovespa.
Os gestores da Fundamenta acreditam que o IBrX é um referencial mais honesto que o Ibovespa, que foi alterado para refletir melhor o mercado ao priorizar o valor de mercado das ações.
Alan Martins, da Nova Futura Investimentos, discute a continuidade do Ibovespa como a principal referência, dada sua composição diversa e influência de setores da economia.
Um ponto crítico destacado por gestões é a concentração do índice em grandes empresas, como Vale e Petrobras, expondo investidores a riscos políticos e limitando o crescimento de empresas menores.
Desde 2021, não houve IPOs no Brasil e a quantidade de empresas listadas na B3 caiu 10%, refletindo os desafios econômicos do país.