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MEMÓRIA: Niède Guidon, a arqueóloga que mudou o rumo da história americana

A arqueóloga Niède Guidon, referência na pesquisa sobre a ocupação humana nas Américas, faleceu aos 92 anos, deixando um legado inestimável para a ciência e a proteção cultural no Brasil. Seu trabalho transformou o entendimento da pré-história e beneficiou comunidades locais, consolidando o Parque Nacional Serra da Capivara como um patrimônio mundial.

Niède Guidon, a renomada arqueóloga brasileira, faleceu hoje em São Raimundo Nonato, após 92 anos de vida dedicados à arqueologia. Sua tenacidade resultou na criação de dois parques nacionais e dois museus, elevando o Parque Nacional Serra da Capivara a um dos sítios arqueológicos mais importantes do mundo.

Niède desafiou a teoria de Clóvis, que sustentava que os primeiros habitantes das Américas chegaram há cerca de 13 mil anos pelo Estreito de Bering. Após suas descobertas, se aceita a presença humana no continente por pelo menos 25 mil anos, e ela acreditava que essa ocupação poderia ter começado há mais de 100 mil anos.

Nascida em Jaú, SP, em 12 de março de 1933, Niède graduou-se em história pela USP e em arqueologia pela Sorbonne. Seu envolvimento com o Piauí começou em 1963 após uma visita a uma exposição sobre sítios arqueológicos.

Em 1964, foi denunciada como comunista e se exilou na França, onde lecionou e continuou suas pesquisas. Em 1973, iniciou projetos de pesquisa no sul do Piauí, onde catalogou mais de 1.300 sítios arqueológicos.

Em 1979, conseguiu a criação do Parque Nacional da Serra da Capivara, reconhecido como Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO em 1991. Também fundou o Instituto do Homem Americano.

Seu legado vai além da arqueologia; ela integrou comunidades locais e lutou por recursos para a preservação do parque. ^“A pobreza na região dificultava a proteção do legado pré-histórico,”^ afirmou em entrevista.

Seu trabalho resultou na criação do Parque Nacional da Serra das Confusões e dos museus do Homem Americano e da Natureza, além de cursos de graduação e pós-graduação em arqueologia.

“Ela viveu seu projeto de vida, protegendo não apenas o patrimônio, mas também as pessoas,” disse a museóloga Maria Ignez Mantovani.

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