Mauro Cid guardou no celular documentos para fundamentar golpe

Tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, armazenou documentos em seu celular com o objetivo de fundamentar um golpe de Estado para garantir a permanência do ex-presidente no poder.

De acordo com o portal UOL, que teve acesso ao conteúdo do telefone apreendido pela Polícia Federal em maio de 2023, Cid começou a enviar esses documentos para si mesmo via WhatsApp após a derrota de Bolsonaro nas eleições de 2022. Ao todo, há cerca de 20.000 arquivos totalizando 77 GB, a maioria apócrifa.

Entre os documentos, um dos mais notáveis é o "Copa 2022", que calculava custos para monitorar o ministro Alexandre de Moraes. Este documento foi enviado por Cid em 15 de novembro de 2022.

Outro arquivo significativo é uma apresentação com 112 slides, associada à Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (Eceme), que interpreta o artigo nº 142 da Constituição como justificativa para intervenção das Forças Armadas. Este documento foi salvo em 16 de novembro de 2022.

Cid também possuía minutas apócrifas do golpe, incluindo uma que apresentava suspeitas falsas de fraudes em urnas eletrônicas, destinada ao Ministério da Defesa.

A defesa de Mauro Cid optou por não comentar os diálogos, alegando falta de acesso ao material. Na última semana, o ministro Alexandre de Moraes determinou que a PF enviasse as provas do caso às defesas dos réus.

Em 11 de abril, Moraes abriu a ação penal (AP 2668) contra Cid, Bolsonaro e outros 5 réus do núcleo considerado “crucial” para a tentativa de golpe.

Os advogados de Cid pedem sua absolvição sumária, alegando que ele era apenas um “simples porta-voz” de Bolsonaro. Cid foi o primeiro a apresentar a defesa após firmar um acordo de delação premiada com a PF.