Maternidade ‘empurra’ mulheres para mercado de trabalho informal
Estudo revela que a informalidade entre mães se acentua devido à rigidez do mercado de trabalho e à sobrecarga de tarefas domésticas. Propostas como ampliação de creches e licença-paternidade podem ajudar a reverter esse quadro.
A maternidade aumenta a informalidade no mercado de trabalho para mulheres, devido à falta de flexibilidade do setor formal e à carga excessiva de tarefas domésticas. Economistas sugerem que mais creches e licenças-paternidade poderiam ajudar a mitigar essa situação.
Dados da Pnad C, compilados por Janaína Feijó, mostram que mães têm menor participação e maior informalidade no trabalho em comparação a mulheres sem filhos e homens. A informalidade entre mães foi de 38,8% em 2019 e 37% em 2024, enquanto para mulheres sem filhos foi de 35,6% e 33%, respectivamente.
Para mães com filhos pequenos, a taxa de informalidade alcançou 37,3% no último trimestre de 2024. A participação de mães no mercado foi de 65,5% em 2024, com taxas mais altas para aquelas com filhos de 6 a 15 anos (72,5%) do que para mães com filhos até 5 anos (58,9%).
No que diz respeito ao desemprego, a taxa foi de 6,1% entre mães em 2024, acima da média nacional de 4,5%. Mães com filhos pequenos enfrentaram uma taxa de 7,6% de desocupação.
Feijó destaca que 50% das mulheres que tiram licença-maternidade não retornam ao mercado formal, muitas optando pela informalidade, que oferece maior flexibilidade. O avanço dos microempreendedores individuais (MEI) é um fator positivo nesse contexto.
Lucas Finamor, da FGV, observa que apenas 2,5% das mulheres com ensino médio trabalham menos de 30 horas na formalidade, enquanto 24,3%8% e 27,8%, respectivamente.
A informalidade também afeta mais mulheres e negros devido à divisão das tarefas domésticas. Estudos mostram que a maternidade aumenta a probabilidade de trabalho informal, afetando os ganhos e horas trabalhadas. Pesquisas na América Latina confirmam a tendência de mulheres optando por trabalho mais flexível.
Recomendações para reduzir a informalidade incluem ampliar a proteção social para mães, oferecer educação infantil gratuita, e promover uma divisão mais justa dos cuidados infantis. A licença-paternidade também deve ser estendida para ajudar a equilibrar as responsabilidades.
“A igualdade é fundamental. Práticas mais equitativas durante a licença-paternidade podem normalizar as condições de trabalho,” conclui Mancha.