Marina abandona sessão no Senado após bate-boca sobre rodovia na Amazônia
Debate acirrado entre a ministra do Meio Ambiente e senadores revela tensões sobre a pavimentação da BR-319. Marina Silva se retira da Comissão de Infraestrutura após ofensas e falta de respeito durante a discussão sobre impactos ambientais.
Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, abandonou a Comissão de Infraestrutura do Senado após embate com senadores sobre a pavimentação da BR-319, que liga Porto Velho a Manaus.
O conflito começou quando o senador Plínio Valério (PSDB-AM) desrespeitou Marina, provocando sua saída. Valério declarou que a mulher merece respeito, mas a ministra, não. Marina exigiu um pedido de desculpas, que foi recusado.
Durante a sessão, houve também discussão com o senador Marcos Rogério (PL-RO), que ironizou as falas da ministra, levando-a a afirmar que ele poderia querer que ela fosse "uma mulher submissa".
No debate sobre a BR-319, Marina se defendeu das acusações de que estava "atrapalhando o desenvolvimento do país", ressaltando que defende o desenvolvimento sustentável e que as consequências de explorações ilegais são "concretos".
Aministra informou que o debate se tornou uma forma de culpar a si mesma, considerando que não houve solução para a questão ao longo de 15 anos. O presidente Lula sinalizou apoio para a recuperação da estrada, condicionando a obras a análises de impacto ambiental.
Após a aprovação de um projeto que modifica normas de licenciamento ambiental, Marina sinalizou que pedirá a Lula que vete trechos, uma vez que, entre as mudanças, comunidades tradicionais só serão ouvidas em processos envolvendo territórios já homologados.
Embora o PT tenha orientado contra o projeto, a falta de obstrução em sessões e a emenda de Davi Alcolumbre (União-AP) facilitando licenciamentos especiais foram vistas como uma concessão à pauta no Congresso.