Maduro recorre a tema de Essequibo e desvia foco em eleições para Parlamento e governos estaduais
Venezuelanos enfrentam um pleito eleitoral conturbado enquanto o regime de Maduro busca legitimar sua reivindicação sobre a Guiana. A participação da oposição é controversa, com chamadas ao boicote e denúncias de manipulação do processo eleitoral.
Venezuelanos voltam às urnas neste domingo (25), para a primeira votação após a contestada eleição presidencial que garantiu a Nicolás Maduro um terceiro mandato em julho.
O chavismo enfrenta um desafio ao eleger deputados da Assembleia Nacional, governadores e representantes do Legislativo, enquanto apela ao nacionalismo em meio à crise política.
O regime lançou uma campanha para a escolha de um governador para a região de Essequibo, disputada com a Guiana. Para o pleito, 12 centros de votação serão instalados no estado de Bolívar, com cerca de 21 mil eleitores cadastrados.
A Guiana defende um laudo arbitral de 1899 que fixa as fronteiras, enquanto a Venezuela contestou a validade desse laudo, propondo uma solução negociada.
O plebiscito de dezembro de 2023 apoiou a anexação do território, com 96% de aprovação, embora tenha contrariado recomendações da Corte Internacional de Justiça. O governo promoveu a transformação de Essequibo no 24º estado do país sem reconhecimento internacional.
A Guiana solicitou à CIJ que a Venezuela se abstenha de atos em território soberano, mas Maduro rejeitou. O governo reafirma a determinação do povo para defender Essequibo e seus recursos energéticos, com Delcy Rodríguez chamando a votação de transcendental.
Os venezuelanos escolherão 24 governadores, 260 legisladores estaduais e 277 deputados na Assembleia Nacional. O CNE anunciou 15.736 centros de votação e 27.713 sessões.
A oposição está dividida sobre a participação, com María Corina Machado pedindo boicote e chamando a eleição de "farsa eleitoral". Enquanto isso, o grupo de Henrique Capriles decidiu participar, apesar das dificuldades na campanha.
O partido governista posiciona candidatos em todos os 23 estados e o Distrito Federal. O chavismo também alegou um plano de ataques contra embaixadas e outros locais estratégicos, resultando na detenção de opositores.
Um levantamento de Meganálisis projeta 84,9% de abstenção nas eleições, com outras estimativas em torno de 35%. Em 2020, a taxa de abstenção foi de 70%, com o PSUV conquistando 253 das 277 cadeiras no Parlamento.