Lula é recebido por Zelaya em Honduras, que vive debate sobre limites do primeiro-cavalheiro

Debate sobre cônjuges no poder

O Brasil não está sozinho nas discussões sobre os limites da atuação do cônjuge da liderança. Em Honduras, essa questão ressurgiu esta semana com a chegada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à 9ª Cúpula da Celac.

Lula foi recebido no aeroporto por Manuel Zelaya, ex-presidente e marido da atual líder Xiomara Castro. A escolha de Zelaya para essa recepção é incomum, gerando críticas na imprensa local.

Um artigo do jornal La Prensa questionou a adequação do protocolo, afirmando que é inapropriado um cônjuge receber um presidente em vez do próprio líder ou de um membro do governo.

Analistas, como Graco Pérez, criticaram o ocorrido, destacando que tanto Lula quanto o presidente cubano Miguel Díaz-Canel estavam ali em funções oficiais.

Este mal-estar é semelhante ao que Lula enfrenta no Brasil, onde a primeira-dama Janja é criticada por extrapolar seu papel sem ter um cargo oficial. Ela frequentemente participa de eventos internacionais e possui um gabinete no Palácio do Planalto.

Recentemente, o governo gastou R$ 260 mil para cobrir despesas de Janja e seus assessores em uma viagem a Roma. O procurador-geral da República, Paulo Gonet, arquivou pedidos de investigação sobre esses gastos, alegando que não havia justificativa legal para tal.

Em Honduras, a polêmica remonta à eleição de Xiomara, que assumiu a presidência em 2022, 13 anos após a deposição de Zelaya. A influência de Zelaya no governo permanece debatida desde então.

No momento da deposição, Lula era presidente e foi um forte defensor de Zelaya, que se refugiou na embaixada do Brasil em Tegucigalpa. O ex-presidente entregou a Lula um livro sobre o golpe ao se encontrar com ele em Honduras.

Após as fotos com Zelaya, Lula não se pronunciou à imprensa, alegando cansaço.