Lula e o cabo de guerra com o Banco Central
A transição do Banco Central se mostrou mais tranquila do que o esperado, mas a relação entre o governo e a instituição indica uma batalha constante. O desafio da desinflação e as pressões políticas podem agravar ainda mais a situação econômica no país.
Transição do Banco Central em janeiro causa apreensão, mas ocorre de forma tranquila.
Dirigentes nomeados pelo novo governo passam a compor a maioria da diretoria do Copom, ao qual cabe a política monetária.
No entanto, a economia e os mercados estavam em crise, com o dólar em alta acima de R$ 6,00. O Copom elevou a taxa Selic em 1,0 ponto percentual em sua reunião de dezembro, estabelecendo um planejamento prévio para as reuniões seguintes.
A percepção de que a transição foi fácil é precipitada, pois o governo e o BC têm se desentendido. Em contrapartida, o governo, temendo a queda de popularidade do presidente Lula, tem adotado medidas expansionistas, que vão na direção oposta às ações do BC.
Cenário de tensão: novas medidas do governo podem forçar o BC a endurecer sua política monetária, gerando um ciclo prejudicial à reeleição de Lula.
O relacionamento entre Lula e o BC é questionável, especialmente com convicções firmes sobre a atuação do banco e sobre a ingerência do governo. Embora o governo anterior tenha enfrentado críticas severas, soluções sutis são necessárias para não alarmar os mercados.
O desafio será se o BC resistirá a essas pressões do governo, mantendo sua autonomia operacional em um momento crucial para a reeleição de Lula.