Lula cobrou explicação de chefes da Abin e da PF em reunião tensa sobre espionagem
Reunião entre Lula e chefes da Abin e PF aborda operação de espionagem e surgem tensões sobre responsabilidades. Investigação da PF se concentra na continuidade da ação durante o governo atual e no vazamento de informações sigilosas.
Presidente Lula convoca diretores da Abin e da PF ao Palácio do Planalto para esclarecer operação de espionagem contra o Paraguai.
A reunião, tensa, ocorreu após a Abin ser acusada de hackear autoridades paraguaias durante negociações sobre valores de energia da usina de Itaipu.
Apesar de o governo ter atribuído a operação à gestão de Jair Bolsonaro, investigações indicam que a espionagem continuou durante os primeiros meses do governo Lula, com conhecimento de Luiz Fernando Corrêa.
Corrêa e Andrei Rodrigues, diretores da Abin e da PF, respectivamente, são considerados rivais. A principal tensão entre eles envolve um inquérito sobre a "Abin paralela", com discussão de motivações políticas.
No encontro, o chefe da Casa Civil, Rui Costa, também participou e houve debate sobre o vazamento da operação, que está sob investigação pela PF.
Andrei Rodrigues apresentou evidências de que Alessandro Moretti, ex-número 2 da Abin, teria autorizado a continuidade da operação, e Corrêa teria dado seu aval.
O Itamaraty negou envolvimento do governo Lula na ação de espionagem, afirmando que a operação foi autorizada em junho de 2022 por Bolsonaro e suspensa em março de 2023.
Corrêa e Moretti prestarão depoimento nesta quinta-feira (17). O caso será investigado pela PF, que abriu inquérito sobre a operação e o vazamento de dados sigilosos.
A associação dos servidores da Abin, Intelis, criticou a PF, alegando haver interesses políticos por trás do inquérito.