IOF isola Haddad, que vive seu pior momento no governo
Ministro da Fazenda enfrenta forte isolamento político após polêmica com decreto do IOF. Enquanto Haddad tenta negociar, a falta de apoio e o silêncio de Lula podem agravar a situação.
Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, enfrenta críticas devido ao impasse sobre as alíquotas do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). Em desabafo durante cerimônia no Paraná, ele mencionou que “servir” ao presidente Lula é difícil, mas que existem compensações.
No passado, o PT ficou insatisfeito com a repercussão do Pixgate. A Receita Federal tentava aumentar a fiscalização sobre movimentações acima de R$ 5.000. Apesar de tentativas de defesa da mudança, a norma foi revogada, o que pode ocorrer novamente com o decreto do IOF.
Haddad está sem apoio, não há consenso nem entre seus aliados, como o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo. Em abril, Haddad negou que o governo estudava aumentar o IOF para conter a saída de dólares.
O decreto atual gerou críticas tanto do setor empresarial quanto do mercado financeiro. O economista Tony Volpon o classificou como “controle cambial”. Haddad precisou revogar partes do decreto rapidamente para evitar instabilidade nos ativos financeiros.
Contudo, a reação negativa do Congresso foi instantânea. O deputado Hugo Motta questionou a falta de posicionamento de Lula sobre a situação, insinuando que o Executivo poderia cortar emendas para manter o decreto, o que poderia provocar mais tensões.
Historicamente, o poder Legislativo não derruba um decreto presidencial há 25 anos. Caso o aumento do IOF prossiga, esta pode ser a solução escolhida pela Câmara e Senado, de acordo com Motta.
Apesar da fragilidade política, é improvável que Haddad seja demitido, já que Lula não possui uma opção melhor. Porém, há incertezas sobre o futuro do decreto e a capacidade da equipe econômica em lidar com o déficit fiscal, tendo em vista a proximidade das eleições de 2026.
Em meio a elogios públicos registrados, como os de Aloizio Mercadante e Geraldo Alckmin, Haddad permanece isolado com o decreto do IOF, enquanto Lula não se pronuncia desde 22 de maio.