Inflação no mês é mais alta desde 2022, mas traz sinais positivos, dizem economistas
Inflação em fevereiro atinge 1,31%, a maior em 22 anos, mas economistas apontam sinais de desaceleração. Reajustes em educação e habitação foram os principais responsáveis pela alta, refletindo pressões sazonais no índice.
IBGE divulgou a inflação de fevereiro, com o IPCA subindo 1,31%, o maior nível em 22 anos.
Apesar disso, o índice está em linha com as expectativas do mercado, apresentando sinais de desaceleração de preços, segundo economistas.
A alta concentrou-se em quatro dos nove grupos, representando 92% do índice:
- Educação: 4,70%, impacto de 0,28 p.p.
- Habitação: 4,44%, impacto de 0,65 p.p.
- Alimentação e bebidas: 0,70%, impacto de 0,15 p.p.
- Transportes: 0,61%, impacto de 0,13 p.p.
Nos últimos 12 meses, Alimentação e bebidas teve uma alta de 7,0%, representando 21,87% do índice geral.
A economista-chefe da CM Capital, Carla Argenta, ressalta que a composição dos dados exige cautela, mas traz um viés positivo nas últimas divulgações.
Movimentos conjunturais indicam primeiros sinais de melhora, mas ainda é cedo para considerá-los contínuos. Os grupos mais impactantes na política monetária estão menos pressionados, o que pode enfraquecer a pressão sobre o Banco Central.
O Bradesco observa que a inflação está dentro do esperado e há indicadores mais positivos, prevendo alta de 5,6% no IPCA de 2025.
A economista-chefe da Galapagos Capital, Tatiana Pinheiro, destaca que a inflação de alimentos estabilizou em 11% ao ano, sugerindo uma redução da pressão cambial. Os núcleos apresentaram leve queda para 0,57% na base mensal.
Mesmo com sinais de desaceleração, a resiliência da inflação de serviços reforça a necessidade de manutenção do processo de alta dos juros. A expectativa é que o Copom aumente a Selic em 100 pontos-base na próxima reunião, alcançando 15% em maio.